Onde há para este interior
um exterior? Sobre que dor
se põe este linho?
Que céus se espelham
no seio do lago
destas rosas abertas
descuidadas? Olha:
como jazem soltas no solto,
como se não pudesse
mão tremente desfolhá-las.
Mal se podem suster
a si próprias; muitas deixaram-se
encher demais, e transbordam
de espaço interior
para os dias, que cada vez
mais plenos se fecham,
até que todo o verão se faz
uma sala, uma sala num sonho.
Rainer Maria Rilke, Poemas (trad. Paulo Quintela)
Um comentário:
"como jazem soltas no solto" é um verso perfeito (se é que existem versos perfeitos...). Dá vontade de aprender alemão para ver como é no original.
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