15 junho, 2017

Noémia de Sousa





















Noite morna de Moçambique
e sons longínquos de marimba chegam até mim
- certos e constantes -
vindos nem eu sei de onde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar...
Mas vozes da América remexem-me a alma e os nervos.
E Robeson e Maria cantam para mim
spituals negros de Harlém.
Let my people go
- oh deixa passar o meu povo,
deixa passar o meu povo -,
dizem.

(...)


~~



Um só ínfimo grão d'areia

nunca imaginei
pesar tanto.


Noémia de Sousa, Sangue Negro



Um comentário:

José Pinto de Sá disse...

Que surpresa encontrar a Noémia de Sousa aqui no Ar! Foi uma poeta decisiva para mim, por estranho que isso possa hoje parecer. Uma combinação de nacionalismo e poesia que alterou radicalmente a minha vida quando a li, tinha eu quinze ou dezasseis anos...