A poesia é a minha explicação
com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no
real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema não fala duma
vida ideal mas duma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das
cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio,
distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do
orégão.
Sophia de Mello Breyner, Arte Poética II