Man Ray, Woman with closed eyes, 1928 |
09 junho, 2015
07 junho, 2015
05 junho, 2015
04 junho, 2015
O que não pode ser dito
Todo o tempo disponível para a desarticulação do dia, para as suas ervas dispersas e para as volúveis nebulosas da areia.
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Seguir os fugidios trâmites do incomparável. Ser um momento o odor da terra na espessura do vento ou a respiração que vem do fundo das pedras. Ser o ébrio nómada de um fragrante solo repleto de cacos cintilantes.
António Ramos Rosa, O que não pode ser dito
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01 junho, 2015
Não há qualquer luz que embriague tanto
como a brancura. O
que a mulher experimenta é que uma autobiografia só é
desmontável e transportável quando se aprende a arte de
gravar em ar.
Maria Gabriela Llansol, Parasceve
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30 maio, 2015
29 maio, 2015
28 maio, 2015
27 maio, 2015
Georgia e Alejandra
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17 maio, 2015
Cristina Campo
Perceber é reconhecer apenas o que tem valor, apenas o que existe realmente. E o que mais existe realmente neste mundo senão o que não é deste mundo?
Cristina Campo, Os Imperdoáveis
Apesar de tudo amo a minha época porque é a época em que falta tudo e, exactamente por isso, talvez seja o verdadeiro tempo do conto de fadas. E é claro que não entendo com isto a era dos tapetes voadores e dos espelhos mágicos, que o homem destruiu para sempre no acto de fabricá-los, mas sim, a época da beleza em fuga, da graça e do mistério prestes a desaparecer, como as aparições e os sinais arcanos do conto de fadas: tudo aquilo a que certos homens nunca renunciam, que quanto mais os apaixona mais parece perdido e esquecido. Tudo o que se vai procurar bem longe, mesmo com risco de vida, como a rosa de Belinda em pleno inverno. Tudo o que sempre se oculta sob peles cada vez mais impenetráveis, no fundo de cada vez mais horrendos labirintos.
Cristina Campo, Os Imperdoáveis
História maravilhosa do Faraó Miquerinos, condenado pelos deuses a morrer jovem. Aos olhos deles não apresenta qualquer graça a sua doce clemência, que traiu o destino trágico do Egipto após as tiranias de Quéops e de Quéfrem.
E ele manda iluminar os seus palácios e os seus parques com milhares de lanternas.
Das noites fará outros tantos dias e assim viverá doze anos em vez dos seis que lhe restam.
É certamente uma parábola do poeta, desse inimigo involuntário da lei da necessidade.
O que pode fazer o poeta injustamente punido senão transformar as noites em dias, as trevas em luz?
Cristina Campo, Os Imperdoáveis
16 maio, 2015
14 maio, 2015
Alejandra Pizarnik
ela despe-se no paraíso
da sua memória
ela desconhece o feroz destino
das suas visões
ela tem medo de não saber dar nome
ao que não existe
da sua memória
ela desconhece o feroz destino
das suas visões
ela tem medo de não saber dar nome
ao que não existe
Alejandra Pizarnik, Antologia Poética
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13 maio, 2015
Alexandra Pizarnik
por um minuto de vida breve
única de olhos abertos
por um minuto de ver
no cérebro flores pequenas
dançando como palavras na boca de um mudo
Alejandra Pizarnik, Antologia Poética
10 maio, 2015
09 maio, 2015
Agnes Martin
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