Harry Callahan, Eleanor, 1948 |
03 agosto, 2015
01 agosto, 2015
pálpebras
Temos muitíssimas pálpebras e, no fundo, perdidos, estão os olhos. A lista de pálpebras - que continuo a descobrir e a classificar - inclui a instrução primária, o contrato social, a tradição, o culto dos antepassados sem descriminar entre os meritórios e os idiotas, o realismo ingénuo, a vivacidade, o a mim não me enganam, a necessidade de combinar o roupeiro provençal, o cinema e Vasari. As pálpebras são muito úteis porque protegem os olhos; tanto que, afinal, não os deixam assomar para beberem o seu vinho de luz. Otano, com grandes pinças, pôs-se a arrancar pálpebras. Ai, dói; caramba se dói. Quase que faz ver estrelas.
Os olhos são para ver as estrelas.
Julio Córtazar, Papéis Inesperados
31 julho, 2015
30 julho, 2015
29 julho, 2015
28 julho, 2015
A RIMBAUD
Quando Rimbaud se tornou negreiro
e lançou sua rede
sobre a Etiópia
para caçar leões pretos
cisnes pretos
abandonou a poesia...
como era honesto aquele rapazinho...
mas muitos poetas se tornaram traficantes de escravos,
usuários
e não abandonaram a poesia.
no palácio do sultão os seus poemas
viraram portas e janelas
e não abandonaram a poesia...
elogiaram,
receberam medalhas e títulos,
ouro, prata e taças de pedra
e não abandonaram a poesia...
a marca do gendarme estava nos seus poemas
e não abandonaram a poesia...
como era honesto Rimbaud...
como era honesto aquele rapazinho...
Mu´In Besseisso (Palestina), trad. Adalberto Alves
Quando Rimbaud se tornou negreiro
e lançou sua rede
sobre a Etiópia
para caçar leões pretos
cisnes pretos
abandonou a poesia...
como era honesto aquele rapazinho...
mas muitos poetas se tornaram traficantes de escravos,
usuários
e não abandonaram a poesia.
no palácio do sultão os seus poemas
viraram portas e janelas
e não abandonaram a poesia...
elogiaram,
receberam medalhas e títulos,
ouro, prata e taças de pedra
e não abandonaram a poesia...
a marca do gendarme estava nos seus poemas
e não abandonaram a poesia...
como era honesto Rimbaud...
como era honesto aquele rapazinho...
Mu´In Besseisso (Palestina), trad. Adalberto Alves
26 julho, 2015
25 julho, 2015
O céu agrada-me pensar que é a memória de dois ou três amigos, aqueles contra cujos lábios a partir de dentro empurraremos, docemente os nossos nomes e que, quando levam a comida à boca, sabem que é a nós que estão a alimentar. São dois ou três amigos, aqueles só em cujos corações enfiamos achas, o clarão atinge-lhes os olhos, pensarão: hoje a memória é como se a trouxéssemos em braços. Não sei se quando o mar lhes vier ao espírito o ouviremos rebentar, o certo é que por ele às vezes sobem as marés. Há ondas que se vê terem por ele passado antes de contra o nosso corpo deflagrarem.
Luís Miguel Nava, Poesia Completa 1979-1994, Publicações D. Quixote
Tristan Tzara, Paul Eluard, André Breton, Hans Arp, Salvador Dalí, Yves Tanguy, Max Ernst, René Crevel e Man Ray |
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poesia,
poesia portuguesa
24 julho, 2015
Cada
minuto deste ouro
não é toda a eternidade?
não é toda a eternidade?
Juan Ramón Jimenez, Antologia Poética
Harry Callahan, Couple Walking Down Street, Venice,1957 |
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H,
Juan Ramón Jimenez,
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poesia
23 julho, 2015
18 julho, 2015
15 julho, 2015
Harry Callahan
Quem traz a arte diante dos olhos e no sentido (...) esquece-se de si. A arte provoca o distanciamento do Eu.
Paul Celan, Arte Poética
14 julho, 2015
13 julho, 2015
12 julho, 2015
11 julho, 2015
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