René Char, Chants
de la Balandrane
08 setembro, 2015
07 setembro, 2015
06 setembro, 2015
Vi como um danado
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a
minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da
minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar,
porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um
acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas
diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o
pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria
achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos
Henri Matisse, The Parakeet and the Mermaid, 1952 |
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05 setembro, 2015
Entretanto celebremos a irrealidade
Entretanto celebremos a irrealidade e o milagre: o homem demonstra a sua existência entrando e saindo das portas obscuras.
Pablo Neruda, Nasci para Nascer, (trad. Eduardo Saló e Mário Dionísio)
Hans Namuth, Jackson Pollock at work in his studio, 1950
|
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retratos do ar
04 setembro, 2015
02 setembro, 2015
Pablo e Yayou
Por ti,
afligem-me os pesados perfumes do Estio: por ti torno a vislumbrar os sinais
que precipitam os desejos, as estrelas em fuga. Os objectos que caem.
Pablo Neruda, Nasci Para Nascer
01 setembro, 2015
31 agosto, 2015
Paul Celan
30 agosto, 2015
Justino Alves - A Pintura!
07 agosto, 2015
Sonia e Luís (e também Blaise)
Sonia Delaunay, 1913 encadernação para o livro "Les Pâques" de Blaise Cendrars |
O corpo dividido em duas partes
fechadas
à chave uma na outra, avanço
num duplo coração como se fosse
ao mesmo tempo um só barco por dois rios.
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06 agosto, 2015
05 agosto, 2015
Ruy e Pierre
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Ruy Belo, O Problema da Habitação
Pierre Boucher, L´eau, 1935 |
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Ruy Belo
03 agosto, 2015
01 agosto, 2015
pálpebras
Temos muitíssimas pálpebras e, no fundo, perdidos, estão os olhos. A lista de pálpebras - que continuo a descobrir e a classificar - inclui a instrução primária, o contrato social, a tradição, o culto dos antepassados sem descriminar entre os meritórios e os idiotas, o realismo ingénuo, a vivacidade, o a mim não me enganam, a necessidade de combinar o roupeiro provençal, o cinema e Vasari. As pálpebras são muito úteis porque protegem os olhos; tanto que, afinal, não os deixam assomar para beberem o seu vinho de luz. Otano, com grandes pinças, pôs-se a arrancar pálpebras. Ai, dói; caramba se dói. Quase que faz ver estrelas.
Os olhos são para ver as estrelas.
Julio Córtazar, Papéis Inesperados
31 julho, 2015
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