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Henriette Browne, A Nun (Mme Jules de Saux), 1850-70 (detalhe) |
Nas Metamorfoses, em duzentas e quarenta fábulas,
Ovídio mostra seres humanos transformados em
pedras, vegetais, bichos, coisas.
Um novo estágio seria que os entes já transformados
falassem um dialeto coisal, larval,pedral, etc.
Nasceria uma linguagem madruguenta, adâmica,
edênica,
inaugural -
Que os poetas aprenderiam - desde que voltassem às
crianças
que foram
As rãs que foram
As pedras que foram.
Para voltar à infância, os poetas precisariam também de
reaprender a errar a língua.
Mas esse é um convite à ignorância? A enfiar o idioma
nos mosquitos?
Seria uma demência peregrina.
Manoel de Barros, O Guardador de Águas