CT, o dia (6 anos depois, ainda sobre as fotografias de Carlos Gil), 2016
25 abril, 2016
24 abril, 2016
Tacita Dean
23 abril, 2016
Ricardo Rangel
Ricardo Rangel, Lourenço Marques, 1957 |
Ricardo Rangel, Quando Arde o Caniço |
Ricardo Rangel, s/título |
Ricardo Rangel |
Art doesn’t
go to sleep in the bed made for it; it would sooner run away than say its own
name: what it likes is to be incognito. Its best moments are when it forgets
what its own name is.
Jean
Dubuffet
22 abril, 2016
esperar
Nuno Campos, Trip #1, 2002 |
Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti -------------------
----------------------------- até que a dor alegre recomece.
Maria Gabriela Llansol, O Começo de um Livro é Precioso
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti -------------------
----------------------------- até que a dor alegre recomece.
Maria Gabriela Llansol, O Começo de um Livro é Precioso
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21 abril, 2016
Filipe Branquinho
20 abril, 2016
coração
CT, divertissement, abril 2016
Sempre. Dormiram, acordaram, esgotaram-se. Vivem na escuridão, no vácuo. Têm mãos. Respiram sombriamente sobre as mãos.
Depois param.
Então criam a festa. As forças irrompem
do fundo; fazem vacilar o fino e o precário equilíbrio da terra. Para lá da lei
abolida, as coisas tornam-se vísiveis, com uma intensidade, uma transparência
anterior: sinais, vozes, tudo. Como se o mundo inteiro curasse uma ressaca no
corpo de cada um, e essa límpida desordem deixasse o coração escorrido.
É a festa dos homens.
É a festa dos homens.
Herberto Helder, Os Passos em Volta
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19 abril, 2016
no meio está uma fogueira
Alfredo Cunha, Salgueiro Maia, 25 de Abril de 1974 |
Esta linguagem é pura. No meio está uma fogueira
e a eternidade das mãos.
Esta linguagem é colocada e extrema e cobre, com suas
lâmpadas, todas as coisas.
As coisas que são uma só no plural dos nomes.
- E nós estamos dentro, subtis e tensos
na música.
Herberto Helder, Poesia Toda
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desenhos de maio (abril)
CT, Lathyrus tingitanus (da série desenhos de maio),abril 2016
A imagem é simples.
Uma nuvem grossa
que respira fundo e o céu
alga transparente.
Mesmo ao lado
à esquerda
está a nossa felicidade
na terrível
e momentânea
evidência do sol.
CT, Lago, 1994
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18 abril, 2016
Brian Patten, ainda
Uma folha de erva
Pedes-me um poema.
Ofereço-te uma folha de erva.
Dizes que não chega.
Pedes-me um poema.
Eu digo que esta folha de erva basta.
Vestiu-se de orvalho.
É mais imediata
Do que alguma imagem minha.
Dizes que não é um poema.
É uma simples folha de erva e a erva
Não é suficientemente boa.
Ofereço-te uma folha de erva.
Estás indignada.
Dizes que é fácil oferecer uma folha de erva.
Que é absurdo.
Qualquer um pode oferecer uma folha de erva.
Pedes-me um poema.
E então escrevo uma tragédia àcerca
De como uma folha de erva
Se torna cada vez mais difícil de oferecer
E de como quanto mais envelheces
Uma folha de erva
Se torna mais difícil de aceitar.
Brian Patter (trad. Jorge de Sousa Braga)
Brian Patten
You lose your love for her and then
It is her who is lost,
And then it is both who are lost,
And nothing is ever as perfect as you want it to be.
In a very ordinary world
A most extraordinary pain mingles with the small routines,
The loss seems huge and yet
Nothing can be pinned down or fully explained.
You are afraid.
If you found the perfect love
It would scald your hands,
Rip the skin from your nerves,
Cause havoc with a computered heart.
You lose your love for her and then it is her who is lost.
You tried not to hurt and yet
Everything you touched became a wound.
You tried to mend what cannot be mended,
You tried, neither foolish nor clumsy,
To rescue what cannot be rescued.
You failed,
And now she is elsewhere
And her night and your night
Are both utterly drained.
How easy it would be
If love could be brought home like a lost kitten
Or gathered in like strawberries,
How lovely it would be;
But nothing is ever as perfect as you want it to be.
It is her who is lost,
And then it is both who are lost,
And nothing is ever as perfect as you want it to be.
In a very ordinary world
A most extraordinary pain mingles with the small routines,
The loss seems huge and yet
Nothing can be pinned down or fully explained.
You are afraid.
If you found the perfect love
It would scald your hands,
Rip the skin from your nerves,
Cause havoc with a computered heart.
You lose your love for her and then it is her who is lost.
You tried not to hurt and yet
Everything you touched became a wound.
You tried to mend what cannot be mended,
You tried, neither foolish nor clumsy,
To rescue what cannot be rescued.
You failed,
And now she is elsewhere
And her night and your night
Are both utterly drained.
How easy it would be
If love could be brought home like a lost kitten
Or gathered in like strawberries,
How lovely it would be;
But nothing is ever as perfect as you want it to be.
17 abril, 2016
16 abril, 2016
working upon you
So you must not be frightened … if a sadness rises up before you larger
than any you have ever seen; if a restiveness, like light and cloud-shadows,
passes over your hands and over all you do. You must think that something is
happening with you, that life has not forgotten you, that it holds you in its
hand; it will not let you fall. Why do you want to shut out of your life any
agitation, any pain, any melancholy, since you really do not know what these
states are working upon you?
Rainer Maria Rilke
Alexander McQueen |
15 abril, 2016
Malick Sidibé (1936-2016)
Emily e Adrienne
CT, Emily (crowend head), 2014 |
The study
of silence has long engrossed me. The matrix of a poet’s work consists not only
of what is there to be absorbed and worked on, but also of what is
missing, desaparecido, rendered
unspeakable, thus unthinkable. It is through these invisible holes in reality
that poetry makes its way — certainly for women and other marginalized subjects
and for disempowered and colonized peoples generally, but ultimately for all
who practice any art at its deeper levels. The impulse to create begins — often
terribly and fearfully — in a tunnel of silence. Every real poem is the breaking
of an existing silence, and the first question we might ask any poem
is, What kind of voice is breaking silence, and what kind of silence is
being broken?
Adrienne
Rich , “Arts of the Possible : Essays and Conversations”
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Ellsworth e Anaïs
You live out the confusions until they become clear.
Anaïs Nin
Ellsworth Kelly, Barn, Southampton, 1968 |
Ellsworth Kelly, Sidewalk, Los Angeles, 1978 |
Ellsworth Kelly, Pine Branch and Shadow, Meschers, 1950 |
Ellsworth Kelly, Beach Cabana,Meschers, 1950 |
Ellsworth Kelly, Hangar Doorway, St Barthélemy, 1977 |
Ellsworth Kelly, Sidewalk, NY,1970 |
13 abril, 2016
sobre a cabeça de Pedro Burmester
CT, music to my ears (sobre a cabeça de Pedro Burmester),2016 |
a queimada que fez na silvas em volta da casa
descontrolou-se ao vento levantado de repente,
e naquele tempo em que já lhe não tocava qualquer beleza
ele ficou a olhar a beleza assassina:
as labaredas abraçaram-no todo,
tornando-se então ele mesmo a sua morte abraçada:
e mais ninguém sabia que a beleza se consuma
num abraço a vento e ar alto
com fogo dentro
Herberto Helder, RELÂMPAGO nº 36/37
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