26 abril, 2016

rolas e njinguiritanes



José Sá, Rolas e Njinguiritanes, Maputo, abril, 2016
































We become what we love and yet remain ourselves.

Hannah Arendt

25 abril, 2016

O dia

CT, o dia (6 anos depois, ainda sobre as fotografias de Carlos Gil), 2016



















































24 abril, 2016

Tacita Dean

Tacita Dean, Veteran Too, (quadro negro pintado a giz), 2016































It’s snowing (big flakes) and I love you.


Iris Murdoch


23 abril, 2016

Ricardo Rangel

Ricardo Rangel, Lourenço Marques, 1957

Ricardo Rangel, Quando Arde o Caniço


Ricardo Rangel, s/título
Ricardo Rangel



































































Art doesn’t go to sleep in the bed made for it; it would sooner run away than say its own name: what it likes is to be incognito. Its best moments are when it forgets what its own name is.


Jean Dubuffet


22 abril, 2016

esperar

Nuno Campos, Trip #1, 2002


























Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti -------------------
----------------------------- até que a dor alegre recomece.


Maria Gabriela Llansol, O Começo de um Livro é Precioso

21 abril, 2016

Filipe Branquinho

Filipe Branquinho, Casa de Ferro, Sala de espera, Maputo, 2014

Filipe Branquinho, Cine África, WC, Maputo, 2014



20 abril, 2016

coração




CT, divertissement, abril 2016 















Sempre. Dormiram, acordaram, esgotaram-se. Vivem na escuridão, no vácuo. Têm mãos. Respiram sombriamente sobre as mãos.
Depois param.
Então criam a festa. As forças irrompem do fundo; fazem vacilar o fino e o precário equilíbrio da terra. Para lá da lei abolida, as coisas tornam-se vísiveis, com uma intensidade, uma transparência anterior: sinais, vozes, tudo. Como se o mundo inteiro curasse uma ressaca no corpo de cada um, e essa límpida desordem deixasse o coração escorrido.
É a festa dos homens.


Herberto Helder, Os Passos em Volta

19 abril, 2016

no meio está uma fogueira

Alfredo Cunha, Salgueiro Maia, 25 de Abril de 1974






















Esta linguagem é pura. No meio está uma fogueira
e a eternidade das mãos.
Esta linguagem é colocada e extrema e cobre, com suas
lâmpadas, todas as coisas.
As coisas que são uma só no plural dos nomes.
- E nós estamos dentro, subtis e tensos
na música.

Herberto Helder, Poesia Toda

desenhos de maio (abril)


CT, Lathyrus tingitanus (da série desenhos de maio),abril 2016























A imagem é simples.
Uma nuvem grossa
que respira fundo e o céu
alga transparente.
Mesmo ao lado
à esquerda
está a nossa felicidade
na terrível 
e momentânea
evidência do sol.

CT, Lago, 1994

18 abril, 2016

Iathyrus tingitanus

                                                                    CT, Lathyrus tingitanus (da série desenhos de maio),abril 2016

Brian Patten, ainda


Uma folha de erva


Pedes-me um poema.
Ofereço-te uma folha de erva.
Dizes que não chega.
Pedes-me um poema.

Eu digo que esta folha de erva basta.
Vestiu-se de orvalho.
É mais imediata
Do que alguma imagem minha.

Dizes que não é um poema.
É uma simples folha de erva e a erva
Não é suficientemente boa.
Ofereço-te uma folha de erva.

Estás indignada.
Dizes que é fácil oferecer uma folha de erva.
Que é absurdo.
Qualquer um pode oferecer uma folha de erva.

Pedes-me um poema.
E então escrevo uma tragédia àcerca
De como uma folha de erva
Se torna cada vez mais difícil de oferecer

E de como quanto mais envelheces
Uma folha de erva
Se torna mais difícil de aceitar.


Brian Patter (trad. Jorge de Sousa Braga)

Brian Patten

You lose your love for her and then
It is her who is lost,
And then it is both who are lost,
And nothing is ever as perfect as you want it to be.

In a very ordinary world
A most extraordinary pain mingles with the small routines,
The loss seems huge and yet
Nothing can be pinned down or fully explained.

You are afraid.
If you found the perfect love
It would scald your hands,
Rip the skin from your nerves,
Cause havoc with a computered heart.

You lose your love for her and then it is her who is lost.
You tried not to hurt and yet
Everything you touched became a wound.
You tried to mend what cannot be mended,
You tried, neither foolish nor clumsy,
To rescue what cannot be rescued.

You failed,
And now she is elsewhere
And her night and your night
Are both utterly drained.

How easy it would be
If love could be brought home like a lost kitten
Or gathered in like strawberries,
How lovely it would be;
But nothing is ever as perfect as you want it to be. 

17 abril, 2016

seis exercícios com a noite

 CT, seis exercícios com a noite,
16.abr.16






para os que não sabem ver

Constantin Brancusi, Sculpture for the Blinds, 1925

16 abril, 2016

Brancusi

Simplicidade é a complexidade resolvida.
Constantin Brancusi

Constantin Brancusi, Sleeping Muse I, 1909-10

working upon you

So you must not be frightened … if a sadness rises up before you larger than any you have ever seen; if a restiveness, like light and cloud-shadows, passes over your hands and over all you do. You must think that something is happening with you, that life has not forgotten you, that it holds you in its hand; it will not let you fall. Why do you want to shut out of your life any agitation, any pain, any melancholy, since you really do not know what these states are working upon you?



Rainer Maria Rilke


Alexander McQueen

15 abril, 2016

Malick Sidibé (1936-2016)

Malick Sidibé, Vues de Dos, 2001-2011
Malick Sidibé, Vues de Dos, 2001-2011




































Where the myth fails, human love begins. Then we love a human being, not our dream, but a human being with flaws. 


Anaïs Nin


Emily e Adrienne

CT, Emily (crowend head), 2014


























The study of silence has long engrossed me. The matrix of a poet’s work consists not only of what is there to be absorbed and worked on, but also of what is missing, desaparecido, rendered unspeakable, thus unthinkable. It is through these invisible holes in reality that poetry makes its way — certainly for women and other marginalized subjects and for disempowered and colonized peoples generally, but ultimately for all who practice any art at its deeper levels. The impulse to create begins — often terribly and fearfully — in a tunnel of silence. Every real poem is the breaking of an existing silence, and the first question we might ask any poem is, What kind of voice is breaking silence, and what kind of silence is being broken?


Adrienne Rich , “Arts of the Possible : Essays and Conversations”

Ellsworth e Anaïs

    You live out the confusions until they become clear.
Anaïs Nin

Ellsworth Kelly, Barn, Southampton, 1968

Ellsworth Kelly, Sidewalk, Los Angeles, 1978
Ellsworth Kelly, Pine Branch and Shadow, Meschers, 1950

Ellsworth Kelly, Beach Cabana,Meschers, 1950

Ellsworth Kelly, Hangar Doorway, St Barthélemy, 1977

Ellsworth Kelly, Sidewalk, NY,1970


ao lado das abelhas

 CT, music to my ears (ao lado das abelhas), 2016