19 junho, 2016

H + M


Ninguém acrescentará ou diminuirá a minha força ou a minha fraqueza. Um autor está entregue a sim mesmo, corre os seus (e apenas os seus) riscos. O fim da aventura criadora é sempre a derrota irrevogável, secreta.
Mas é forçoso criar. Para morrer nisso e disso. Os outros podem acompanhar com atenção a nossa morte. Obrigado por acompanharem a minha morte.


Herberto Helder, Photomaton & Vox

Marlene Dumas, 1990

18 junho, 2016

R + J

O essencial é ter o vento.

Reinaldo Ferreira

Joan Mitchell, 1957

15 junho, 2016

for Angela

André Kertész

13 junho, 2016

Antónia

Como podem comprovar, conheci a minha mãe exactamente durante o mesmo tempo em que ela me conheceu a mim. Apesar da diferença de idades, em todos os momentos em que ela esteve na minha presença eu estive na presença dela. Não existiu um segundo em que ela estivesse comigo sem a minha presença. 
Ainda é assim.

FMG, 13 de junho  de 2016




The Brockhaus and Efron Encyclopedic Dictionary

Antónia

CT, A, junho 2016














É então que um grande silêncio cai sobre os trinta quilómetros quadrados da ilha. Ou vem das coisas, do interior das coisas. É um silêncio extremamente doce, um equilíbrio supremo. A ilha adquire uma grave e grandiosa imobilidade. E a luz entra e sai pelas coisas, como se elas fossem esponjas. As mãos ficam muito nuas. É dos olhos que primeiro desaparece o sono. E da boca. De cada parte do corpo, lentamente, de todas as partes, até que as pessoas se abram totalmente. Como numa ressurreição.


Herberto Helder, Photomaton & Vox


12 junho, 2016

procuro tudo isso no mapa

CT, Blue Velvet, junho 2016















Procuro tudo isso no mapa, com um dedo um tanto impreciso, porque inquieto - num mapa para crianças, como tenho de confessar desde já.
Não se encontra nenhum desses lugares, eles não existem, mas eu sei, sobretudo agora sei, onde eles deviam estar...

Paul Celan, Arte Poética


09 junho, 2016

it is a serious thing

CT, the haunted colour, junho 2016



















it is a serious thing 

just to be alive 
on this fresh morning 
in this broken world.


Mary Oliver, Red Bird



08 junho, 2016

the haunted color


CT, LIMALHA (haunted color),junho, 2016


04 junho, 2016






















CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016

02 junho, 2016

CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016


CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016

31 maio, 2016

LIMALHA (The haunted arm)


CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016


Olhamos para o corpo e o corpo termina de repente nos pés, nas mãos. Acaba ali. Não há mais nada à frente, parece uma escarpa de um rochedo sobre o mar. De repente, termina. Porque é que eu acabo ali e começo aqui, porque é que estou cingida a esta forma, porque é que tenho esta solidão e a solidão dos outros corpos?
Helena Almeida, Intus





24 maio, 2016

orquídeas na folha branca #3

CT, desenhos de maio (orquídeas na folha branca), maio 2016

























Podíamos até ser profundamente diferentes, que eu não sentia menos que qualquer coisa de fundamental nos era comum, uma espécie de ferida originária - há pouco eu falava de “experiência fundadora”: a experiência da insegurança. A natureza desta não era a mesmo em ti e em mim. Pouco importa: para ti e para mim ela significava que não tínhamos no mundo um lugar assegurado. Teríamos apenas aquele que construíssemos.

André Gorz, Carta a D., História de um Amor


22 maio, 2016

orquídeas na folha branca #2

CT, desenhos de maio (orquídeas na folha branca), maio 2016



orquídeas na folha branca

José Sá, Cristina e as orquídeas da Alex, maio12016































Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:

mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:

mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.



Ana Cristina César

21 maio, 2016

o amor

José Sá, Monte Novo, maio 2016
















Ajuda-me 
a desapertar 
os botões.

O meu corpo
é
o único vestuário
que poderei talvez 
usar.

Siv Cedering, Help Me With the Buttons

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20 maio, 2016

E.E. e as mãos e a voz e Brassaï

Olha
os meus dedos que 
te tocaram
e ao teu calor e vigorosa
pequenez
-vês? não se parecem com os meus 
dedos. Os meus pulsos mãos
que seguraram cuidadosamente o teu
suave silêncio (e o teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
daquilo que eram.  Os meus braços
em que tu toda descansas dobrada
tranquila, como uma
folha ou alguma flor 
acabada de criar pela Primavera
ela mesma, não são os meus
braços.  Não reconheço
como sendo eu próprio este que eu vejo diante
de mim ao espelho.  não 
acredito
ter visto estas coisas jamais;
alguém a quem amas
e que é mais magro
mais alto do que
eu entrou e ficou com 
uns lábios como aqueles com que costumo falar,
uma nova pessoa está viva e 
gesticula comigo
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
está 
a brincar.

E.E. Cummings, Poems from the 1920's

Brassaï, Pigeondre, 1934

15 maio, 2016

La joie

Man Ray, Paul, Nush & Ady Fidelin, anos 30

08 maio, 2016

Elliott Erwitt

Elliott Erwitt, Santa Monica, California, 1955