Antigone Kourakou |
25 junho, 2016
(A)braço
o que se consegue
quando se desenha
um braço?
a terrível velocidade da luz
imobiliza-se
sobre a pele.
silêncio
quase.
CT, junho 2016
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21 junho, 2016
20 junho, 2016
a que ama o vento
Eu não sei de pássaros
não conheço a história do fogo.
Mas julgo que a minha solidão deveria ter asas.
Alejandra Pizarnik, Antologia Poética
Anna & Elena Balbusso, ilustração para Burning Girls, de Veronica Shanoes |
Salta com a camisa em chamas
de estrela em estrela,
de sombra em sombra.
Morre de morte longínqua
a que ama ao vento.
Alejandra Pizarnik, Antologia Poética
19 junho, 2016
H + M
Ninguém acrescentará ou diminuirá a
minha força ou a minha fraqueza. Um autor está entregue a sim mesmo, corre os
seus (e apenas os seus) riscos. O fim da aventura criadora é sempre a derrota
irrevogável, secreta.
Mas é forçoso criar. Para morrer nisso e disso. Os outros podem acompanhar com
atenção a nossa morte. Obrigado por acompanharem a minha morte.
Herberto Helder, Photomaton & Vox
Marlene Dumas, 1990 |
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18 junho, 2016
15 junho, 2016
14 junho, 2016
13 junho, 2016
Antónia
Como podem comprovar, conheci a minha mãe exactamente durante o mesmo tempo em que ela me conheceu a mim. Apesar da diferença de idades, em todos os momentos em que ela esteve na minha presença eu estive na presença dela. Não existiu um segundo em que ela estivesse comigo sem a minha presença.
Ainda é assim.
FMG, 13 de junho de 2016
The Brockhaus and Efron Encyclopedic Dictionary |
Antónia
CT, A, junho 2016 |
É então que um grande silêncio cai sobre
os trinta quilómetros quadrados da ilha. Ou vem das coisas, do interior das
coisas. É um silêncio extremamente doce, um equilíbrio supremo. A ilha adquire
uma grave e grandiosa imobilidade. E a luz entra e sai pelas coisas, como se
elas fossem esponjas. As mãos ficam muito nuas. É dos olhos que primeiro
desaparece o sono. E da boca. De cada parte do corpo, lentamente, de todas as
partes, até que as pessoas se abram totalmente.
Como numa ressurreição.
Herberto Helder, Photomaton & Vox
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12 junho, 2016
procuro tudo isso no mapa
CT, Blue Velvet, junho 2016 |
Procuro tudo isso no mapa, com um dedo um tanto impreciso, porque inquieto - num mapa para crianças, como tenho de confessar desde já.
Não se encontra nenhum desses lugares, eles não existem, mas eu sei, sobretudo agora sei, onde eles deviam estar...
Paul Celan, Arte Poética
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09 junho, 2016
it is a serious thing
08 junho, 2016
31 maio, 2016
LIMALHA (The haunted arm)
CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016
Olhamos para o corpo e o corpo termina de repente nos pés, nas mãos. Acaba ali. Não há mais nada à frente, parece uma escarpa de um rochedo sobre o mar. De repente, termina. Porque é que eu acabo ali e começo aqui, porque é que estou cingida a esta forma, porque é que tenho esta solidão e a solidão dos outros corpos?
Helena Almeida, Intus24 maio, 2016
orquídeas na folha branca #3
CT, desenhos de maio (orquídeas na folha branca), maio 2016
Podíamos até ser profundamente diferentes, que eu não sentia menos que qualquer coisa de fundamental nos era comum, uma espécie de ferida originária - há pouco eu falava de “experiência fundadora”: a experiência da insegurança. A natureza desta não era a mesmo em ti e em mim. Pouco importa: para ti e para mim ela significava que não tínhamos no mundo um lugar assegurado. Teríamos apenas aquele que construíssemos.
Podíamos até ser profundamente diferentes, que eu não sentia menos que qualquer coisa de fundamental nos era comum, uma espécie de ferida originária - há pouco eu falava de “experiência fundadora”: a experiência da insegurança. A natureza desta não era a mesmo em ti e em mim. Pouco importa: para ti e para mim ela significava que não tínhamos no mundo um lugar assegurado. Teríamos apenas aquele que construíssemos.
André Gorz, Carta a D., História de um Amor
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22 maio, 2016
orquídeas na folha branca
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