10 julho, 2016

Objectos nº4



 FMG, Objectos nº4 - Lomoprint, 2016

















09 julho, 2016

Alejandra

William Klein, Girl dancing in Brooklyn, NY, 1955





















para lá de qualquer zona proibida
há um espelho para a nossa triste transparência


Alejandra Pizarnik



08 julho, 2016

André Kertész, Elisabeth and me, Paris, 1931
Not why. Just here.

John Cage

07 julho, 2016

Caravaggio e Ana Cristina

Caravaggio, The Incredulity of Saint Thomas, c.1600-1602




















olho muito tempo o corpo de um poema 
até perder de vista o que não seja corpo 
e sentir separado dentre os dentes 
um filete de sangue 
nas gengivas 

Ana Cristina César, Cenas de Abril


06 julho, 2016

alice no ar

 CT, alice no ar, julho 2016


















Olhe as ervas em volta. Sobre esse talude. Todas as ervas em volta se juntarão para te falar e responder. O mundo em boa verdade acaba de chegar.

Valère Novarina,Sud-Express Poesia Francesa Hoje

05 julho, 2016

Alejandra, Federico e Isabel

Recuerdo mi niñez
cuando yo era una anciana
Las flores morían en mis manos
porque la danza salvaje de la alegría
les destruía el corazón

Recuerdo las negras mañanas del sol
cuando era niña 
es decir ayer
es decir hace siglos


Alejandra Pizarnik

Federico Garcia Lorca e sua irmã Isabel, 1914

03 julho, 2016

Ana Cristina e Willem



Eu não sabia

que virar pelo avesso

era uma experiência mortal




Ana Cristina César


Willem de Kooning, Two Figures in a Landscape, 1967

02 julho, 2016

Ana Cristina e Robert

Estou atrás

do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra

Ana Cristina César

Robert Frank,
US 90, On the road to Del Rio, 1955



27 junho, 2016

anjo de mãos pequenas


tu estás do meu lado
a noite inteira, anjo de mãos pequenas
nos despenhadeiros da terra

esta estrada não nos levará muito longe
mas sim eu serei o teu amigo
até ao fim


Rui Pires Cabral, Morada

CT, Blue Velvet, 2016

25 junho, 2016

Antigone Kourakou

Antigone Kourakou

(A)braço


o que se consegue
quando se desenha
um braço?


a terrível velocidade da luz 
imobiliza-se 
sobre a pele.


silêncio
quase.



CT, junho 2016




21 junho, 2016

Imogen Cunningham

Imogen Cunningham, Self portrait in a broken mirror, 1973

20 junho, 2016

a que ama o vento



Eu não sei de pássaros
não conheço a história do fogo.
Mas julgo que a minha solidão deveria ter asas.

Alejandra Pizarnik, Antologia Poética



Anna & Elena Balbusso,
ilustração para Burning Girls, de Veronica Shanoes





























Salta com a camisa em chamas
de estrela em estrela,
de sombra em sombra.
Morre de morte longínqua
a que ama ao vento.

Alejandra Pizarnik, Antologia Poética




19 junho, 2016

H + M


Ninguém acrescentará ou diminuirá a minha força ou a minha fraqueza. Um autor está entregue a sim mesmo, corre os seus (e apenas os seus) riscos. O fim da aventura criadora é sempre a derrota irrevogável, secreta.
Mas é forçoso criar. Para morrer nisso e disso. Os outros podem acompanhar com atenção a nossa morte. Obrigado por acompanharem a minha morte.


Herberto Helder, Photomaton & Vox

Marlene Dumas, 1990

18 junho, 2016

R + J

O essencial é ter o vento.

Reinaldo Ferreira

Joan Mitchell, 1957

15 junho, 2016

for Angela

André Kertész

13 junho, 2016

Antónia

Como podem comprovar, conheci a minha mãe exactamente durante o mesmo tempo em que ela me conheceu a mim. Apesar da diferença de idades, em todos os momentos em que ela esteve na minha presença eu estive na presença dela. Não existiu um segundo em que ela estivesse comigo sem a minha presença. 
Ainda é assim.

FMG, 13 de junho  de 2016




The Brockhaus and Efron Encyclopedic Dictionary

Antónia

CT, A, junho 2016














É então que um grande silêncio cai sobre os trinta quilómetros quadrados da ilha. Ou vem das coisas, do interior das coisas. É um silêncio extremamente doce, um equilíbrio supremo. A ilha adquire uma grave e grandiosa imobilidade. E a luz entra e sai pelas coisas, como se elas fossem esponjas. As mãos ficam muito nuas. É dos olhos que primeiro desaparece o sono. E da boca. De cada parte do corpo, lentamente, de todas as partes, até que as pessoas se abram totalmente. Como numa ressurreição.


Herberto Helder, Photomaton & Vox


12 junho, 2016

procuro tudo isso no mapa

CT, Blue Velvet, junho 2016















Procuro tudo isso no mapa, com um dedo um tanto impreciso, porque inquieto - num mapa para crianças, como tenho de confessar desde já.
Não se encontra nenhum desses lugares, eles não existem, mas eu sei, sobretudo agora sei, onde eles deviam estar...

Paul Celan, Arte Poética