Wayne Thiebault |
03 novembro, 2016
28 outubro, 2016
o mundo inteiro depende dos teus olhos
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
Paul Eluard, Algumas das Palavras (trad. António Ramos Rosa )
George Hendrik Breitner, Girl in a Red Kimono, c.1893-95 |
26 outubro, 2016
25 outubro, 2016
24 outubro, 2016
23 outubro, 2016
Helder Moura Pereira
Não sei o que querias
mais, as mulheres
de azul, os pajens
loiros. Não feches
os olhos, inclina
a cabeça, o que sonhaste
está aqui. As mulheres
loiras, os pajens
de azul.
Helder Moura Pereira, O Amor Desta Morte
mais, as mulheres
de azul, os pajens
loiros. Não feches
os olhos, inclina
a cabeça, o que sonhaste
está aqui. As mulheres
loiras, os pajens
de azul.
Helder Moura Pereira, O Amor Desta Morte
Etiquetas:
Helder Moura Pereira,
poesia,
poesia portuguesa
22 outubro, 2016
20 outubro, 2016
17 outubro, 2016
16 outubro, 2016
14 outubro, 2016
Uma Faca só Lâmina
José Sá, Maputo, outubro 2016 |
Uma Faca só Lâmina
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;
qual bala que tivesse um
vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
João Cabral de Melo Neto
Assim como uma bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;
qual bala que tivesse um
vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
João Cabral de Melo Neto
Etiquetas:
J,
João Cabral de Melo Neto,
José Pinto de Sá,
oxigénio,
poesia
13 outubro, 2016
12 outubro, 2016
11 outubro, 2016
10 outubro, 2016
09 outubro, 2016
amor bastante
08 outubro, 2016
Ellsworth Kelly, Green (IV.4. Green; Vert Série IV, No. 4), 1964 |
Sobre as cinzas dos astros, aquelas indivisas da família, estava deitada a pobre personagem, depois de bebida a gota de nada que falta ao mar. (A garrafa vazia, loucura, tudo quanto resta do castelo?) Tendo partido o Nada, resta o castelo da pureza.
Stéphane Mallarmé, Igitur ou A Loucura de Elbehnon (trad. Carlos Valente)
07 outubro, 2016
Assinar:
Postagens (Atom)