(...)
Se engulo um pinhão
porque não me cresce dentro
um pinheiro?
Ou por outra: quando me entra
toda a música
para onde vai,
porque não me soo
a composição que respiguei?
Daniel Jonas, Bisonte
19 maio, 2018
17 maio, 2018
15 maio, 2018
12 maio, 2018
09 maio, 2018
08 maio, 2018
Adília
Nem sempre fazer coisas difíceis é eficaz e eficiente. Às vezes fazer coisas fáceis é que é o mais acertado.
...
Há milagres, não há só truques.
...
Cresci ao Deus dará. O mais estranho é que Deus deu.
Adília Lopes, Bandolim, Assírio e Alvim, 2016
...
Há milagres, não há só truques.
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Cresci ao Deus dará. O mais estranho é que Deus deu.
Adília Lopes, Bandolim, Assírio e Alvim, 2016
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07 maio, 2018
Adília Lopes
BEE
Tenho uma varanda virada a Leste com vasos com plantas. Quando está sol, aparecem muitas abelhas. Afugento as abelhas pronunciando bee com força mas baixinho. As abelhas afastam-se sempre. Experimentei fazer isto e tenho tido uma taxa de sucesso de 100%. Talvez seja por isto que abelha em inglês se pronuncia bee. Não sabia pronunciar muito bem bee mas, a praticar com as abelhas, pronuncio cada vez melhor.
MODUS OPERANDI
Nunca consegui escrever nada com projectos, planos, programas, esquemas, prazos. Grão a grão, verso a verso, enche a galinha o papo. Pôr o carro à frente dos bois. Assim é que funcionou para mim.
Adília Lopes, Bandolim
Tenho uma varanda virada a Leste com vasos com plantas. Quando está sol, aparecem muitas abelhas. Afugento as abelhas pronunciando bee com força mas baixinho. As abelhas afastam-se sempre. Experimentei fazer isto e tenho tido uma taxa de sucesso de 100%. Talvez seja por isto que abelha em inglês se pronuncia bee. Não sabia pronunciar muito bem bee mas, a praticar com as abelhas, pronuncio cada vez melhor.
MODUS OPERANDI
Nunca consegui escrever nada com projectos, planos, programas, esquemas, prazos. Grão a grão, verso a verso, enche a galinha o papo. Pôr o carro à frente dos bois. Assim é que funcionou para mim.
Adília Lopes, Bandolim
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06 maio, 2018
05 maio, 2018
FAGULHA
Ana Cristina Cesar |
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Ana Cristina Cesar, A Teus Pés, 1982
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04 maio, 2018
25 abril, 2018
André Tecedeiro + Liberdade
ele perguntou-me
em que medida é que isso te marcou?
eu perguntei-lhe:
como se mede uma raiz?
André Tecedeiro, O Número de Strahler, ed. Do Lado Esquerdo.
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23 abril, 2018
22 abril, 2018
Paule Vézelay
21 abril, 2018
Estela e Heidi
(…)
que inveja,
penso eu
daqueles que só escrevem quando amam
que inveja,
penso eu
mas depois me arrependo
que inferno seria
só ser atravessada
quando algo respira.
Estela
Rosa in Oceânica
Heidi Kirkpatrick, Lost and Found |
UM CAROÇO DE ABÓBORA JAPONESA
Aprendi
que se você joga um saco de terra no
vaso
é incontrolável que surjam pequenas
folhas
plantas sem nome
diria minha mãe
é tudo mato
mas resolvi jogar terra em um vaso
e ali algumas sementes que iam pro lixo
não me preocupei
nada do que planto dá
não tenho interesse em fertilidades
mas aí brotou por entre o lixo
uma folhinha
puxei o mato
mas ele saía do caroço da abóbora
japonesa
do purê de semana passada
ela ali crescendo
orientalíssima em meu vaso de lixo
orgânico
minha última tentativa de gratidão
com o broto na mão
fiquei pensando nos mestres japoneses
e naqueles samurais de coquezinho
naquelas moças com pés cortados
sapatos de madeira
nos budas de porcelana
e aquela folha ali brotando
então é isso, não dá
não sei lidar com vidas pacientes
com essa folha japonesa
delicada rompendo o lixo
feito um hexagrama de i-ching
me ensinando a brotar
mas não dá
é poesia demais pra mim
logo eu que não sei meditar
Estela
Rosa (lida em Oceânica )
19 abril, 2018
17 abril, 2018
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