"A taberna era barulhenta, escura e suja. Por detrás dos bancos, gerações de costas tinham manchado de porcaria os frescos da parede. Candelabros cobertos de cera amarela cortavam com a luz vacilante as trevas cheias de fumo. Sobre as lajes escorregadias, uma serradura de oito dias não chegava para absorver o cuspo do tabaco de mascar nem o caldo das gamelas entornadas.
Naquele buraco nojento, cinquenta vozes aninhadas berravam ao mesmo tempo. Os gritos dos jogadores de dados cruzavam-se com os pedidos de bebida, vagas discussões saíam de bocas desdentadas, punhos pesados martelavam sobre o carvalho enegrecido verdades absolutas que ninguém ouvia.
Olivier estava encantado."
Primeiras linhas de
"Os Revoltosos de Libertália"
Daniel Vaxelaire
trad. Maria Manuel Tinoco
Publicações Europa-América, 1997