Georges Braque criou18 gravuras para acompanhar o poema "Si Je Mourais Là-bas", de Guillaume Apollinaire.O livro de artista saiu em 1962, nas Éditions Brodier, por altura dos 80 anos de Braque.
17 janeiro, 2014
«Não é necessário observar o trabalho de alguém
para saber se é essa a sua vocação,
basta olhá-lo nos olhos:
um cozinheiro apurando um molho,
um cirurgião abrindo a pele,
um escriturário preenchendo uma relação
de embarque, têm a mesma expressão
distraída, embevecidos na sua tarefa.
Que bela é essa devoção
do olho pelo objecto.
Ignorar a deusa sedutora,
abandonar os sacrários magníficos
de Rea, Afrodite, Demeter, Diana,
preferir rezar a S. Focas,
Santa Bárbara, S. Saturnino,
ou outro padroeiro qualquer,
de cujo mistério se seja merecedor,
que passo gigantesco foi dado.
Deveria haver monumentos e odes
aos heróis desconhecidos que começaram,
a quem arrancou as primeiras faíscas
da pederneira e esqueceu o jantar,
ao primeiro coleccionador de conchas
que ficou celibatário.
Se não fossem eles, onde estaríamos?
Ainda ferozes, sem hábitos caseiros,
errando através das florestas,
com nomes sem consoantes,
escravos da Dama gentil, sem
noções da civilidade
e hoje à tarde, para esta morte,
não haveria agentes funerários.»
W.H. Auden, "O Massacre dos Inocentes"
12 janeiro, 2014
Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu.
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde é Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaz-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso.
Até à glória de ficar silencioso,
Sem pensar.
Cecília Meireles, "Antologia Poética"
11 janeiro, 2014
«Nem um murmúrio, nem um pensamento,
Nem um beijo, nem um olhar se hão-de perder."
W.H.Auden
Nem um beijo, nem um olhar se hão-de perder."
W.H.Auden
(parabéns, t.)
CT, 2014, pequenos narcisos (da série desenhos de maio) |
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Cristina Tavares,
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05 janeiro, 2014
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