13 maio, 2014

tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos.
certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.
era de difícil manejo – mas funcionava.


(...)
há qualquer coisa de sapiência na palavra tristeza. e algumas tristezas não são de espanar – um dia posso descobrir que elas me fazem falta e ter que ir buscá-las na lixeira da catin ton.
vou encher-me de silêncios e imitar as pedras. adormecer entre as pedras pode ser que me contagie delas. depois de conseguir ser pedra vou exercitar o sorriso dessa pedra que eu for. com esse sorriso vou iniciar uma construção...

uma construção pode bem ser o lado avesso de uma certa tristezura.


Ondjaki, Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas, 2009
Henry Fuseli, Autoretrato

12 maio, 2014

Henry Fuseli, Autoretrato, 1777

11 maio, 2014

home 85-86

cedro sobre o desenho da Ana 



    
       

10 maio, 2014

Keith Arnatt, da série Gardeners, 1978-9 



Keith Arnatt, I'm A Real Artist, 1969

António Pocinho e Keith Arnatt

cartas

As cartas não viajam à velocidade da luz, nem lá perto, nem mesmo as cartas de condução. Só os bilhetes-postais viajam a uma velocidade superior à da luz, com as suas palavras acabadas de se pôr sobre uma paisagem ou um momento, com esses recados de nós, mansos viajantes siderais, mesmo quando vamos só até Cacilhas.





como deixar de fumar nas terras altas

Diz-se que, depois do primeiro dia, o sétimo dia é o mais difícil, mas eu acho que é o décimo. Como o fumo sobe das terras baixas em direcção aos picos onde é proibido fumar, é ver então toda a gente a caminho das montanhas para fumadores.



portal das selecções

Não sei em que rubrica me incluo: endereço insuficiente, recusado, desconhecido, residente em parte incerta, falecido ou outros.



António Pocinho, Os Pés Frios Dentro da Cabeça


Keith Arnatt, Self Burial, 1969

09 maio, 2014

home 83-84

Obsessão pela cor. Sonho a cores e às vezes o que fica dos sonhos são as cores. Tenho sorte.

08 maio, 2014

Cy Twombly


Cy Twombly,  s/ título, 1961

Cy Twombly, Ferragosto-I , 1966

Cy Twombly, Quattro Stagioni, part III : Autunno, 1993-94


 Casa de Cy Twombly, Roma


07 maio, 2014

Atelier de Cy Twombly (Paola Igliori com Alastair Thain)

05 maio, 2014

Fomos escolhidos pelos deuses
Escolhidos e abandonados
Lucidez e desencanto nos marcam.

Graça T


Cy Twombly, s/ título, 1983
























Cy Twombly, Thicket, 1981

Cy Twombly, Aurora, 1981

Cy Twombly, s/ título, 1984/85



04 maio, 2014

Amy Lowell




PROPORÇÃO
No céu há uma lua e estrelas,
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.



O RETIRO DE HSIEH KUNG POR LI T’AI-PO
O sol está a pôr-se – pôs-se – na Montanha Verde-Primavera.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.


Amy Lowell , revista Telhados de Vidro, n.º 14
Frank Stella, Black Series, 1967

Ugo Mulas, Frank Stella, 1964

I don’t like to say I have given my life to art. 
I prefer to say art has given me my life.

Frank Stella

Frank Stella com Furuzabad ,1970

03 maio, 2014

Plastic Head










CT, fevereiro 2014, Plastic Head (da série Sleeping Head)

Enfim, enfim, já é tempo
De às aflições um fim dar.
Enfim se vão dor, pesar,
Enfim, dos males a pedra 
Em ouro será convertida.

Benjamim Schmolck (séc. XVII / XVIII), O Cardo e a Rosa - Poesia do Barroco Alemão ( trad. João Barrento)

01 maio, 2014

 André Breton, por Israelis Bidermanas

André Breton, Poema-objecto, 1941