Kees van Dongen, Jeune Arab, 1910-11 |
18 novembro, 2014
16 novembro, 2014
When it’s over, I want to say
all my life
I was a bride married to amazement,
I was the bridegroom, taking the world into my arms.
I was a bride married to amazement,
I was the bridegroom, taking the world into my arms.
When it’s
over, I don’t want to wonder
if I have made of my life something particular, and real.
I don’t want to find myself sighing and frightened
or full of argument.
I don’t want to end up simply having visited this world.
Mary Oliver, New and Selected Poems
if I have made of my life something particular, and real.
I don’t want to find myself sighing and frightened
or full of argument.
I don’t want to end up simply having visited this world.
Mary Oliver, New and Selected Poems
14 novembro, 2014
13 novembro, 2014
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não uso das palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou importância às coisas desimportantes
E aos seres desimportantes
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que as dos
mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios
Amo os restos
Como boas moscas.
Queria que minha voz tivesse formato de
canto
Porque não sou da informática
Eu sou da invencionática.
Só uso minhas palavras para compor meus
silêncios.
Manoel de Barros (1916 - 2014) Poeta.
12 novembro, 2014
A fala quer-se árida, de uma aridez idêntica à da roupa que nos cobre ou à do céu, de que me esforço, sempre que dele falo, por deixar à mostra um dos agrafos mais profundos.
Luís Miguel Nava, Poesia Completa
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11 novembro, 2014
A própria alma é elástica: podemos, assentando um dedo sobre a sua superfície e pressionando-a, levá-la a tocar nas coisas mais inesperadas.
Luís Miguel Nava, Poesia Completa
Luís Miguel Nava, Poesia Completa
Willy Verginer, 2007 |
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W
09 novembro, 2014
Gilbert &George, Crusade, 1980 |
REALIZANDO UM FILME
Estão a realizar um filme. Mas está tudo errado. Julgar-se-ia que o herói estaria triunfal no convés de um navio, mas pelo contrário está num cadafalso à espera de ser enforcado.
Julgar-se-ia que a heroína estaria a beijar o herói no convés desse navio, mas pelo contrário está a ser amarrada para um tratamento de electrochoques.
Multidões de camponeses que anseiam pela democracia, e supostamente estariam a celebrar a morte de um tirano, estão na realidade, a carregar esse mesmo tirano às costas, declarando-o o salvador do povo.
O realizador não sabe onde está o erro. O produtor está muito abalado.
O duplo pergunta repetidamente, agora? depois dá um salto e cai de cabeça.
Entretanto uma manada de elefantes atropela o elenco principal; e inundações fictícias estão de facto a inundar o palco.
O duplo pergunta, repetidamente, agora? e dá um salto e cai de cabeça.
O realizador, coçando a cabeça, diz, talvez os electrochoques pudessem ser substituídos por insulina...?
O realizador, coçando a cabeça, diz, talvez os electrochoques pudessem ser substituídos por insulina...?
Tem a certeza? pergunta o produtor?
Não, mas mesmo assim, podíamos tentar... E já agora, esse duplo não é muito bom, pois não?
Russel Edson, O Túnel
07 novembro, 2014
06 novembro, 2014
05 novembro, 2014
Não podendo falar para toda a terra
direi um segredo a um só ouvido
Luíza Neto Jorge, A Lume
direi um segredo a um só ouvido
Luíza Neto Jorge, A Lume
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02 novembro, 2014
01 novembro, 2014
Uma nuvem, uma árvore, uma flor, um punhado de terra situam-se no mesmo plano estético em que nos movemos, são parte integrante do nosso mundo, são um manancial de sensações vindas de todos os tempos, através de uma memória que tem a idade do homem. Não a pedra pelo seu lado externo, pela conversão dos seus valores formais, mas pela qualidade do seu íntimo, pelo cosmos que está nela e o qual nos é dado possuir na simplicidade em que a coisa vive.
Autoestrada 99E
desde Chico
Os patos-reais desceram
para a noite. Eles riem-se
ao dormir e sonham com o México
e as Honduras. O agrião
assenta na vala de irrigação
e os caules caem para a frente, com
o peso dos melros.
Os campos de arroz flutuam sob a Lua.
Até as folhas molhadas do ácer se agarram
ao meu pára-brisas. Digo-te, Maryann,
estou feliz.
Raymond Carver, Fogos
desde Chico
Os patos-reais desceram
para a noite. Eles riem-se
ao dormir e sonham com o México
e as Honduras. O agrião
assenta na vala de irrigação
e os caules caem para a frente, com
o peso dos melros.
Os campos de arroz flutuam sob a Lua.
Até as folhas molhadas do ácer se agarram
ao meu pára-brisas. Digo-te, Maryann,
estou feliz.
Raymond Carver, Fogos
31 outubro, 2014
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