22 dezembro, 2014

Ilse Bing, Autoretrato,Paris, 1931



Ilse Bing, Renata and Her Sister, 1934

21 dezembro, 2014

Ilse Bing, Cancan Dancer, Moulin Rouge,1931



20 dezembro, 2014

Claire Morgan, If You Go Down To The Woods, 2014

17 dezembro, 2014

Dinh Q. Lê, Untitled, (Cambodia: Splendour & Darkness Series), 1998

15 dezembro, 2014

Jean Cocteau, Raymond Radiguet endormi, 1922

14 dezembro, 2014

Rebecca Horn, Mechanischer Korperfacher, 1972

12 dezembro, 2014

Dir-se-ia que ela [a música] é uma forma superior do ar.

Rainer Maria Rilke, Apaixonadamente (correspondência com Magda von Hattingberg)

11 dezembro, 2014

A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão


Daniel Faria,  Poesia

10 dezembro, 2014

Sleep

CT, Sleep (da série Sleeping Head), 2014 
a minha mão há 10 anos

09 dezembro, 2014

Marcel Proust

      Certos espíritos amantes do mistério pretendem que os objectos conservam qualquer coisa dos olhos que os viram, que os monumentos e os quadros só nos aparecem sob o véu sensível que lhes foi tecido pelo amor e pela contemplação de tantos adoradores, ao longo de muitos séculos. Esta quimera seria verdadeira se a transpusessem para o domínio  da realidade exclusiva de cada um, para o domínio da sua sensibilidade própria. Sim, nesse sentido, e apenas nesse sentido (mas que é muito maior), uma coisa que em tempos observámos, se tornarmos a vê-la, traz-nos, juntamente com o olhar que nela poisámos, todas as imagens que então o enchiam. É que as coisas - um livro como outro qualquer sob a sua capa vermelha -, logo que vistas por nós, tornam-se em nós algo de imaterial, da mesma natureza de todas as nossas preocupações ou das nossas sensações desse tempo, e misturam-se indissoluvelmente com elas. 

Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, volume 2

08 dezembro, 2014

Antoni Tàpies, Recordando a Lorca

Com a tua letra

Porque eu amo-te, quer dizer, estou atento
às coisas regulares e irregulares do mundo.
Ou também: eu envio o amor
sob a forma de muitos olhos e ouvidos
a explorar, a conhecer o mundo.
Porque eu amo-te, isto é, eu dou cabo
da escuridão do mundo.
Porque tudo se escreve com a tua letra.



Fernando Assis Pacheco, A Musa Irregular

07 dezembro, 2014

Tejal Shah

Tejal Shah, Encounter(s) Live performance, Turbine Hall, Tate Modern, 2006 

06 dezembro, 2014

Apesar das visitas
Breves do pavor
A beleza é tudo
O que permanece


Matilde Campilho, Jóquei

05 dezembro, 2014

Emmet Gowin, Edith and Moth Fly, 2002

04 dezembro, 2014

Caminho rapidamente por entre estrias de luz e escuridão lançadas 
                                                   debaixo de uma arcada. 
Sou uma mulher na força da vida, com certos poderes
e esses poderes severamente limitados
por autoridades cujas caras raramente vejo.
Sou uma mulher na força da vida
que conduz o seu poeta morto num Rolls-Royce preto
por uma paisagem de crepúsculos e espinhos.
Uma mulher com uma certa missão,
a qual, se cumprida à letra, a deixará intacta.
Uma mulher com nervos de pantera
uma mulher com contactos com os Hells's Angels
uma mulher que sente a plenitude dos seus poderes
no preciso momento em que não os pode usar
uma mulher que jurou lucidez
que vê por entre a desordem, por entre os fogos fumarentos
destas ruas subterrâneas
o seu poeta morto aprendendo a andar para trás contra o vento
do lado errado do espelho

Adrienne Rich, Uma Paciência Selvagem

Adrienne Rich

Atirando com a cafeteira para o lava-louça
ela ouve os anjos a repreender, e olha para lá 
dos quintais amanhados para o céu desleixado.
Só há uma semana Eles disseram, Não tenhas paciência.

A seguir foi, Sê insaciável.
Depois, Salva-te a ti própria, outros não podes salvar.
Por vezes ela deixa que a água da torneira lhe escalde o braço,
que um fósforo lhe arda até à unha,

Ou põe a mão por cima do focinho da chaleira
precisamente no vapor enovelado. Se calhar são anjos,
já que nada mais a magoa agora, excepto
o saibro das manhãs a soprar-lhe os olhos.

Adrienne Rich, Uma Paciência Selvagem


Ernest Bieler, Mountain Landscape, 1896

03 dezembro, 2014

Exposto

É Dezembro em Wicklow:
Os amieiros gotejam, as bétulas
Vão herdando a última luz,
O freixo enregela-nos só de olhar.

Deveria poder ver-se ao sol-pôr
Um cometa que se perdera,
Aqueles milhões de toneladas de luz
Reluzindo como bagas de espinheiro e de roseira,

E por vezes vejo uma estrela cadente.
Se deparasse com um meteorito!
Em vez disso caminho sobre folhas húmidas,
Cascas, os despojos do outono,

Imaginando um herói
Na lama de um complexo penal,
O seu dom como a pedra de uma funda
Lançada pela causa dos desesperados.

Como cheguei a este ponto?
Penso amiúde nos conselhos
Belos e prismáticos dos meus amigos 
E nas mentes de bigorna de alguns que me odeiam

Enquanto me sento pesando e sopesando
Os meus versos de tristeza responsável.
E porquê? Pelo prazer? Pelo povo?
Pelo que se diz nas nossas costas?

A chuva escorre dos amieiros,
As suas vozes pouco sonoras
Sussurram sobre decepções e erosões,
E contudo cada gota relembra

Os absolutos de diamante.
Nem prisioneiro nem informador,
Sou um emigrado interno, de cabelo crescido,
Pensativo; um revoltoso rústico

Fugido ao massacre,
Usando como escudo as cores
De tronco  e casca de árvores, exposto
A cada rajada de vento;

Eu, que ao atiçar estas centelhas
Procurando o seu escasso calor,
Perdi o prodígio que se vê uma vez só,
A cintilação rósea do cometa.

Seamus Heaney; Da Terra à Luz