Creio nas aparições e no nevoeiro,
nas estradas curvas junto dos outeiros.
Creio num mar ao longe que não se vê,
na encruzilhada em forma de escada.
Creio na serra, nos altos, até nas espadas.
Creio na eternidade ligeira de uma escarpa,
e nas árvores que nascem inclinadas.
Creio que tudo tem asas e que o sol não esconde nada.
Creio no regresso das montanhas
Ao precipício feliz do amor verdadeiro.
Frederico Mira George, O Veneno Solitário