06 abril, 2016
05 abril, 2016
04 abril, 2016
Vasco Popa
A LIÇÃO DE POESIA
Estamos sentados num banco todo
branco
Sob o busto de Lenau
Abraçamo-nos
E entre dois beijos falamos
De poesia
Falamos de poesia
E entre dois versos abraçamo-nos
O poeta olha para longe através de
nós
Através do banco branco
Através do saibro da alameda
Ele cala magnificamente
Os seus belos lábios de bronze
No jardim público de Verchatz
Aprendi pouco a pouco
O que é essencial num poema
Vasco Popa, em Qual é a Minha ou a Tua Língua?, organização
de Jorge Sousa Braga
03 abril, 2016
Matilde
Matilde par elle-même, fotocópia, Maputo, (anos 90?)
When I was little we
had bright yellow curtains in the library and when we went away for the summer,
they were put in a box. And I imagined them in that box, glowing, all summer
long.
Joan Mitchell
Joan Mitchell
02 abril, 2016
Sally e Louis
Sally Mann, Faces, 2014 |
Pour la première fois ta voix
Pour la première fois ta bouche
C'est toujours la première fois
Quand ta robe, en passant, me touche.
Louis Aragon
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S
01 abril, 2016
31 março, 2016
José Sá, Maputo, mon amour #10, 2016 |
31.
os animais dotados de pianos interiores
entram em primeiro lugar.
Cristina Tavares, A voz, 2011
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José Pinto de Sá,
oxigénio
29 março, 2016
poema que se fez, ele mesmo, dentro desta caixa
CT, divertissement (algumas estrelas já foram levantadas, protegidas por andaimes, gémeas cobertas de terra*), 2016
|
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poesia visual
Lydia e Luís
28 março, 2016
caixa negra
Ana Mendieta, s/título (Cuílapán Niche), 1973 |
Há um pequeno sinal
na sequência interna de cada proteína
- notícia como qualquer outra lida
entre o desporto e as palavras cruzadas
a economia e as charadas dos xadrezistas -
há um pequeno sinal
que indica à célula o seu tempo de vida
algo divinamente físico que decide o momento do sacrifício
o caminho para o fim
- no fundo da página impressa
há ainda oito diferenças para descobrir entre duas imagens idênticas -
desafios da vida
Frederico Mira George, Caixa Negra, 2005
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27 março, 2016
Aimé Césaire
A roda é a mais bela descoberta do homem
e a única
existe o sol que roda
a terra que roda
existe o teu rosto que roda sobre o eixo do teu pescoço
quando choras
mas vós minutos não enrolareis na bobina da vida
o sangue lambido
a arte de sofrer aguçada como cotos de árvore
pelas facas do inverno
a corça louca de sede
que vem mostrar-me à beira de água
teu rosto de escuna desmastrada
teu rosto
como uma aldeia adormecida no fundo de um lago
e que renasce na manhã da relva
semente dos anos
existe o sol que roda
a terra que roda
existe o teu rosto que roda sobre o eixo do teu pescoço
quando choras
mas vós minutos não enrolareis na bobina da vida
o sangue lambido
a arte de sofrer aguçada como cotos de árvore
pelas facas do inverno
a corça louca de sede
que vem mostrar-me à beira de água
teu rosto de escuna desmastrada
teu rosto
como uma aldeia adormecida no fundo de um lago
e que renasce na manhã da relva
semente dos anos
Aimé Césaire, Antologia Poética
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