12 setembro, 2016

José Miguel Silva

Foi o dia em que um polido agente da autoridade
nos veio buscar a casa para nos interrogar.
Alguém havia assaltado o posto médico
e o medo da vizinhança apontara para nós.
Não sabíamos de nada, mas o nosso luto
(morrera-nos o mundo há pouco tempo)
dizia o contrário. Éramos muito jovens,
tínhamos a boca ferida de insultos. A nossa vida,
coitada, lia muitos livros de aventuras políticas,
sentia-se capaz, dizia, de dar a volta ao mundo
numa barca de cortiça. Não lhe demos confiança.
Após o depoimento ainda passei pela biblioteca
e à noite festejámos a libertação da nossa inocência.
Nunca mais pedimos sal aos vizinhos.

José Miguel Silva, Vista para um Pátio seguido de Desordem

11 setembro, 2016

Egon Schiele

Egon Schiele, Liebende, c.1909

10 setembro, 2016

I did think


Joan Mitchell






I did think, let’s go about this slowly.
This is important. This should take
some really deep thought. We should take
small thoughtful steps.
But, bless us, we didn’t.

Mary Oliver, Felicity




Anna Coleman Ladd

A french soldier wearing a mask made by Anna Coleman Ladd, 1918
(via Library of Congress)




Masks showing different stages of Anna Coleman Ladd's sculpting, 1918
(via Library of Congress)


Any enduring romanticism for war was obliterated by the industrialized brutality of World War I, from which legions of soldiers returned disfigured by facial injuries.
One artist, Anna Coleman Ladd, turned her neoclassical training into a tool for sculpting new faces for the defaced. (Allison Meier, in Hyperallergic )

09 setembro, 2016

Helena Almeida

Helena Almeida, Ouve-me, 1979

Gastão Cruz

Que farei no outono quando ardem
as aves e as folhas e se chove
é sobre o corpo descoberto que arde
a água do outono
Que faremos do corpo e da vontade
de o submeter ao fogo do outono
quando o corpo se queima e quando o sono
sob o rumor da chuva se desfaz
Tudo desaparece sob o fogo
tudo se queima tudo prende a sua
secura ao fogo e cada corpo vai-se
prendendo ao fogo raso
pois só pode
arder imerso quando tudo arde


Gastão Cruz, As Aves, Iniciativas Editoriais 

Joan Mitchell


Joan Mitchel, Last Paintings, Tondo, 1991

Joan Mitchel, Last Paintings, Tondo, 1991

08 setembro, 2016

Frida

Sylvia Salmi, Frida Kahlo, 1944

07 setembro, 2016

No rules

Joan Mitchel, Then, Last Time IV, 1985







































There are no rules. That is how art is born, how breakthroughs happen. Go against the rules or ignore the rules. That is what invention is about.

Helen Frankenthaler







06 setembro, 2016

Mauro Pinto

Mauro Pinto, Maputo-Luanda-Lubumbashi, 2011





Mauro Pinto, s/título, 2005


05 setembro, 2016

Marc Riboud (1923-2016)

Marc Riboud, Fenêtres, 1965


















Marc Riboud, Algérie, la Mitidja, 1963


















Marc Riboud, Ball of the Independence, Nigéria,1960

















e para J :
Marc Riboud, Isabelle Hupert

04 setembro, 2016

José no ar

José Sá, Barberton Valley (Mpumalanga, África do Sul)
setembro 2016




































Hello, sun in my face. Hello you who made the morning and spread it over the fields...Watch, now, how I start the day in happiness, in kindness. 


Mary Oliver

03 setembro, 2016

Ver Rangel 3 e 4

CT, Ver Rangel, Maputo 2016



CT, Ver Rangel, Maputo 2016

31 agosto, 2016

Mauro Pinto


Fotografias do Bairro da Mafalala (Maputo) "onde viveram muitos dos que fizeram a independência moçambicana."  (Prémio BESPhoto 2012)


Mauro Pinto, Dá Licença, 2012


Mauro Pinto, Dá Licença, 2012







30 agosto, 2016

o bebedor nocturno

CT, exercícios com a noite, abril 2016

























Fragmento do Cairo

Quando eu a cinjo e ela me abre os braços,
sou como um homem que regressa da Arábia,
impregnado de perfumes.

Herberto Helder, O Bebedor Nocturno - poemas mudados para português

28 agosto, 2016

ink

CT, pas de deux, abril 2016

















Ink runs from the corners of my mouth.

There is no happiness like mine.

I have been eating poetry. 





Mark Strand, Selected Poems





27 agosto, 2016

Mark Strand e "pas de deux"


CT, pas de deux, abril 2016



















In the field
I am the absence
of field.
This is
always the case.
Wherever I am
I am what is missing.

When I walk
I part the air
and always
the air moves in
to fill the spaces
where my body's been.

We all have reasons
for moving.
I move
to keep things whole.

Mark Strand, Selected Poems