David Hockney, John Baldessari, 2013 |
10 janeiro, 2017
09 janeiro, 2017
08 janeiro, 2017
Eva e Rita
Eva Hesse, s/ título, 1966 |
queria mesmo
que o poema tivesse uma qualidade profética,
que inaugurasse um universo paralelo
mas o poema é bidimensional; ele tem a velocidade
de gotas descendo espáduas octagenárias, incorrendo
em cada vinco, hesitando nos profundos sulcos,
ensaiando um desvio
a cada acidente epidérmico
causado pelos anos.
Rita Isadora Pessoa
Etiquetas:
E,
Elas,
oxigénio,
poesia,
Rita Isadora Pessoa
07 janeiro, 2017
Aleksandr Rodchenko, Hanging Construction, 1920 |
(...) Vi perfeitamente a progressão
Do desenho, e como ele se detinha na contemplação de cada
Anjo.
Maria Gabriela Llansol, O Começo de Um Livro é Precioso
Etiquetas:
A,
Maria Gabriela Llansol,
oxigénio,
poesia,
poesia portuguesa
06 janeiro, 2017
_____________Estas árvores balouçam na sua hesitação
Mas prosseguem. Os ramos mais altos precipitam-se,
Abrem no ar pousadas. Os mais baixos ocupam. Sol não
Falta. Há apenas a curva do caminho com incidências
Drásticas na sua respiração. Sim, há ainda as concorrentes,
As sementes ininterruptas, e o incompreensível desprezo
Dos Humanos. Parasceve não diz. Se o cortarem, não
Reagirá________«Porque não entendeis a leveza de prosseguir?»
Maria Gabriela Llansol, "O Começo de um Livro é Precioso"
Etiquetas:
Maria Gabriela Llansol,
poesia,
poesia portuguesa
04 janeiro, 2017
por tudo o que tomba
por tudo o
que tomba
sem se
reerguer sem
sequer
lembrar da queda
pela sombra
que nunca é
proporcional
à luz
pela sombra
que não é
proporcional
de maneira
alguma
à luz
Rita Isadora Pessoa
(novíssima, belíssima poesia brasileira)
02 janeiro, 2017
o poema
o poema ele
não se curva
ele é tão domesticável quanto uma onça
fumando
charutos cubanos.
Rita Isadora Pessoa
01 janeiro, 2017
26 dezembro, 2016
eis que as Chuvas...
Um homem atacado de tamanha solidão, que ele vá e que suspenda nos santuários a máscara e o bastão de comando!
Quanto a mim, levava a esponja e o fel às feridas de uma velha árvore carregada com as correntes da terra.
"Tinha, eu tinha o gosto de viver longe dos homens, e eis que as Chuvas..."
Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita
Quanto a mim, levava a esponja e o fel às feridas de uma velha árvore carregada com as correntes da terra.
"Tinha, eu tinha o gosto de viver longe dos homens, e eis que as Chuvas..."
Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita
sem relíquias
Os homens tinham então
uma boca mais grave, as mulheres tinham braços mais lentos;
então, alimentando-se como nós de raízes, grandes animais
taciturnos enobreciam-se;
e mais longas sobre mais sombra se erguiam as pálpebras...
(Tive este sonho, ele consumiu-nos sem relíquias.)
Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita
uma boca mais grave, as mulheres tinham braços mais lentos;
então, alimentando-se como nós de raízes, grandes animais
taciturnos enobreciam-se;
e mais longas sobre mais sombra se erguiam as pálpebras...
(Tive este sonho, ele consumiu-nos sem relíquias.)
Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita
25 dezembro, 2016
24 dezembro, 2016
21 dezembro, 2016
19 dezembro, 2016
Gabriela
É estranho pintar. Teu Spinoza dir-te-ia que a sensação
Do traço se desenvolve sem harmonia nos nós da tela e
Do teu corpo. Diferentes os traços da manhã, os do meio
Dia e os do entardecer. Até veres tua mulher de noite
Respirando a dormir entre poemas de Walt Whitman.
Seu destino é narrar o maior desejo. Seja ele silêncio,
Sono ou acção meditativa. Narrar o encontro de dois
Animais que se farejam. Narrar a vitalidade combativa,
Mesmo quando compassiva. Narrar o cérebro retraído
Dos Senhores da Guerra. Narrar a postura de teu corpo
Enquanto esperas que o olhar se disponha enfim na cena.
Narrar a ausência do humano e do seu tipo. A atmosfera
É o traço deixado.
Maria Gabriela Lhansol, O Começo de Um Livro É Precioso
Do traço se desenvolve sem harmonia nos nós da tela e
Do teu corpo. Diferentes os traços da manhã, os do meio
Dia e os do entardecer. Até veres tua mulher de noite
Respirando a dormir entre poemas de Walt Whitman.
Seu destino é narrar o maior desejo. Seja ele silêncio,
Sono ou acção meditativa. Narrar o encontro de dois
Animais que se farejam. Narrar a vitalidade combativa,
Mesmo quando compassiva. Narrar o cérebro retraído
Dos Senhores da Guerra. Narrar a postura de teu corpo
Enquanto esperas que o olhar se disponha enfim na cena.
Narrar a ausência do humano e do seu tipo. A atmosfera
É o traço deixado.
Maria Gabriela Lhansol, O Começo de Um Livro É Precioso
Etiquetas:
Elas,
Maria Gabriela Llansol,
poesia,
poesia portuguesa
12 dezembro, 2016
Tolentino
Se agitares tesouras numa fogueira
não esqueças que me feres
um avesso de lume é o meu único
segredo
no impreciso avanço das lâminas
um anjo o descobriria
não esqueças que me feres
um avesso de lume é o meu único
segredo
no impreciso avanço das lâminas
um anjo o descobriria
Tira a faca da gaveta
mas não esqueças
se a cravares na água
com altas vagas o mar me sepultará
dentro da casa abandonada
mas não esqueças
se a cravares na água
com altas vagas o mar me sepultará
dentro da casa abandonada
Não lamentes serem os versos
saberes tão frágeis
as flores mais belas são as que se colhem
quando ainda se ignora a morte"
saberes tão frágeis
as flores mais belas são as que se colhem
quando ainda se ignora a morte"
José Tolentino Mendonça, A Noite Abre Meus Olhos (Poesia Reunida)
Etiquetas:
José Tolentino Mendonça,
poesia,
poesia portuguesa
10 dezembro, 2016
Assinar:
Postagens (Atom)