12 abril, 2018

Kara Walker

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Kara Walker, The Emancipation Approximation (scene #18) , 1999-2000

11 abril, 2018

Susana Marques

Foto de Susana Marques.
Susana Marques

























Esta força inóspita que me corrói de dentro e extravasa pelo mundo como uma calcinação.


Herberto Helder, Photomaton & Vox

10 abril, 2018

Jenny Holzer

Jenny Holzer, da série Survival, 1983-85

09 abril, 2018

Agnes e Adélia

Agnes Deres, Body Prints and Philosophical Drawings and Map Projections, 1969 -1978




































TODOS FAZEM UM POEMA A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Enquanto punha o vestido azul com margaridas amarelas
e esticava o cabelo para trás, a mulher falou alto:
é isto, eu tenho inveja de Carlos Drummond de Andrade
apesar de nossas extraordinárias semelhanças.
E decifrou o incômodo do seu existir junto com o dele.
Vamos ambos à enciclopédia, seguiu dizendo, à cata
de constituição, e paramos em "clematite, flor lilás
de ingênuo desenho que ama desabrochar nas sebes européias".
Temos terrores noturnos, diurnos desesperos
e dias seguidos onde nada acontece.
Comemos, bebemos e diante do nosso nome impresso
temos nenhum orgulho, porque esta lembrança não deixa:
uma vez, na Avenida Afonso Pena, um bêbado gritando:
"Todo o mundo aqui é um saco e tripas".
Carlos é gauche. A mim, várias vezes, disseram:
"Não sabes ler a placa? É CONTRAMÃO".
Um dia fizemos um verso tão perfeito,
que as pessoas começaram a rir. No entanto persiste,
a partir de mim, a raiva insopitada
quando citam seu nome, lhe dedicam versos,
que é uma pergunta só, nem ao menos original:
"Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
Só à ponta de fina faca, o quisto da minha inveja,
como aos mamões maduros se tiram os olhos podres.
Eu sou poeta? Eu sou?
Qualquer resposta verdadeira
e poderei amá-lo.

Adélia Prado, Com Licença Poética, Livros Cotovia


08 abril, 2018

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombetas, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundos reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já minha vontade de alegria
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


Adélia Prado, Com Licença Poética

Ingeborg Bachmann



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eu perco meus gritos
como uma pessoa perde
seu dinheiro, suas moedas,
seu coração, meus gritos mais
altos eu perco em
roma, em todo lugar, em
berlim, pelas ruas eu
efetivamente perco
meus gritos, até que
meu cérebro se cobre
de névoa vermelha, eu perco tudo,
a única coisa que eu
não perco é esse pavor
de saber que uma pessoa
pode perder seus gritos
todos os dias
em qualquer lugar
Ingeborg Bachmann, Ich weiß keine bessere Welt, poemas póstumos (trad. adelaide ivánova in Escamandro)

21 março, 2018

mais desPoemário

Cristina Tavares, desPoemário 2003, março 2018

20 março, 2018

desPoemário

Cristina Tavares, desPoemário 2003, março 2018

19 março, 2018

Meret Oppenhein in her studio

Meret Oppenhein in her studio, Paris, 1933

Meret Oppenheim

Meret Oppeinhem, Enchantment, 1962

17 março, 2018

William Morris

William Morris, 1873

11 março, 2018

Ernst Ludwig Kirchner

Ernst Ludwig Kirchner, Seated Girl, 1910

10 março, 2018

Hannah Höch

Hannah Höch, Modenshau (detalhe) c.1925-35

06 março, 2018

Paul Eluard

Agora escuto a voz

Tudo que ela não disse
Tudo aquilo que não pude supôr ou suspeitar

Escuto ao redor de mim a dança do silêncio


Paul Eluard, Poemas Políticos (trad. Carlos Grifo)



04 março, 2018

Cristina Tavares, desPoemário 2003, março 2018


























Rose is a rose is a rose. 

Gertrude Stein

Carmen Herrera

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Carmen Herrera, Untitled Estructura (Blue), 1966/2015
Carmen Herrera, Untitled, 1971  
Carmen Herrera, Untitled, 1971

03 março, 2018

02 março, 2018

TV


                                     Cristina Tavares, Ligeiramente abaixo da voz, TV, 2018







19 fevereiro, 2018

How I Go to the Woods













How I Go to the Woods
Ordinarily I go to the woods alone, with not a single friend, for they are all smilers and talkers and therefore unsuitable.
I don’t really want to be witnessed talking to the catbirds or hugging the old black oak tree. I have my way of praying, as you no doubt have yours.
Besides, when I am alone I can become invisible. I can sit on the top of a dune as motionless as an uprise of weeds, until the foxes run by unconcerned. I can hear the almost unhearable sound of the roses singing.

If you have ever gone to the woods with me, I must love you very much.


Mary Oliver, Swan:Poems and Pro
se Poems

17 fevereiro, 2018

William Carlos William

Tanta coisa depende
de

um carrinho de mão 
vermelho

reluzente de gotas de
chuva

ao lado das galinhas
brancas.



William Carlos Williams, Antologia Breve (trad. José Agostinho Baptista)