Marc Chagall, L'Arbre de Vie, 1976 |
23 julho, 2019
22 julho, 2019
Jean Arp
Jean Arp, Larmes d'Enak. Formes terrestres, 1917 |
To be full of joy when looking at an oeuvre is not a little thing.
Jean (Hans) Arp
18 julho, 2019
17 julho, 2019
16 julho, 2019
magic darkness
The film medium is some sort of magic. I think also it's a magic that every frame comes and stands still for a fraction of a second and then it darkens. A half part of the time when you see a picture you sit in complete darkness. Isn't that fascinating? That is magic.
Ingmar Bergman (foto da Fundação Ingmar Bergman) |
Luiza Neto Jorge
A língua
que é líquido
sacro
não transborda
Um dedo
que tocou
a palavra
não a aborda
Luiza Neto Jorge, Terra Imóvel
que é líquido
sacro
não transborda
Um dedo
que tocou
a palavra
não a aborda
Luiza Neto Jorge, Terra Imóvel
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poesia portuguesa
15 julho, 2019
13 julho, 2019
Luís Miguel Nava
Rogier Van Der Weyden, Deposição da Cruz (detalhe), 1436 |
As mãos são de qualquer corpo a coroa.
Luís Miguel Nava, no poema Ao Mínimo Clarão
Etiquetas:
Luís Miguel Nava,
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R
Mario Benedetti (defender a alegria)
Defender a alegria como uma trincheira
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas
defender a alegria como um princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
dos neutrais e dos neutrões
das doces infâmias
e dos graves diagnósticos
defender a alegria como uma bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingénuos e dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias
defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros
dos suicidas e dos homicidas
das férias e da angústia
da obrigação de estarmos alegres
defender a alegria como uma certeza
defendê-la da ferrugem e da sarna
da famosa pátina do tempo
do relento e do oportunismo
dos proxenetas do riso
defender a alegria como um direito
defendê-la de deus e do inverno
das maiúsculas e da morte
dos apelidos e das lástimas
do acaso
e também da alegria.
Mario Benedetti, em Lacre (traduções e versões de Vasco Gato)
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas
defender a alegria como um princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
dos neutrais e dos neutrões
das doces infâmias
e dos graves diagnósticos
defender a alegria como uma bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingénuos e dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias
defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros
dos suicidas e dos homicidas
das férias e da angústia
da obrigação de estarmos alegres
defender a alegria como uma certeza
defendê-la da ferrugem e da sarna
da famosa pátina do tempo
do relento e do oportunismo
dos proxenetas do riso
defender a alegria como um direito
defendê-la de deus e do inverno
das maiúsculas e da morte
dos apelidos e das lástimas
do acaso
e também da alegria.
Mario Benedetti, em Lacre (traduções e versões de Vasco Gato)
11 julho, 2019
no words for
08 julho, 2019
04 julho, 2019
Daniel Bellet
Daniel Bellet , Fun Walks Through Science,1905 |
Olhai, meus irmãos! Não vedes o arco-íris...
Nietzsche, Assim Falava Zaratrusta
02 julho, 2019
30 junho, 2019
12 junho, 2019
Mark Strand
FUI UM EXPLORADOR POLAR
Na minha juventude fui um explorador polar
e passei noites e dias incontáveis gelando
de lugar vazio em lugar vazio. Por fim,
deixei de viajar e fiquei em casa,
aí cresceu em mim um repentino excesso de desejo,
como se me tivesse atravessado um resplandecente
feixe de luz daqueles que se vêem no interior de um diamante.
Enchi páginas e páginas com as visões que havia testemunhado -
os rugidos do gelo no mar, glaciares gigantes, o branco dos icebergues
chicoteado pelo vento. Então, sem nada mais para dizer, parei
e dirigi a minha atenção para o que me estava próximo. Quase ao mesmo
[tempo,
um homem de casaco negro e chapéu de aba larga
apareceu entre as árvores em frente à minha casa.
A forma como olhou a direito e ficou quieto,
sem se mover minimamente, os braços estendidos
ao longo do corpo, fizeram-me pensar que o conhecia.
Mas quando levantei a mão para o cumprimentar,
ele deu um passo atrás, voltou-se, e começou a desaparecer
como uma ânsia desaparece até que nada sobre dela.
Mark Strand
Na minha juventude fui um explorador polar
e passei noites e dias incontáveis gelando
de lugar vazio em lugar vazio. Por fim,
deixei de viajar e fiquei em casa,
aí cresceu em mim um repentino excesso de desejo,
como se me tivesse atravessado um resplandecente
feixe de luz daqueles que se vêem no interior de um diamante.
Enchi páginas e páginas com as visões que havia testemunhado -
os rugidos do gelo no mar, glaciares gigantes, o branco dos icebergues
chicoteado pelo vento. Então, sem nada mais para dizer, parei
e dirigi a minha atenção para o que me estava próximo. Quase ao mesmo
[tempo,
um homem de casaco negro e chapéu de aba larga
apareceu entre as árvores em frente à minha casa.
A forma como olhou a direito e ficou quieto,
sem se mover minimamente, os braços estendidos
ao longo do corpo, fizeram-me pensar que o conhecia.
Mas quando levantei a mão para o cumprimentar,
ele deu um passo atrás, voltou-se, e começou a desaparecer
como uma ânsia desaparece até que nada sobre dela.
Mark Strand
31 maio, 2019
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