26 dezembro, 2016

eis que as Chuvas...

Um homem atacado de tamanha solidão, que ele vá e que suspenda nos santuários a máscara e o bastão de comando!
Quanto a mim, levava a esponja e o fel às feridas de uma velha árvore carregada com as correntes da terra.
"Tinha, eu tinha o gosto de viver longe dos homens, e eis que as Chuvas..."

Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita

sem relíquias

     Os homens tinham então
    uma boca mais grave, as mulheres tinham braços mais lentos;
    então, alimentando-se como nós de raízes, grandes animais
taciturnos enobreciam-se;
   e mais longas sobre mais sombra se erguiam as pálpebras...
  (Tive este sonho, ele consumiu-nos sem relíquias.) 

Saint-John Perse, Habitarei O Meu Nome, trad.João Moita


Objectos do Céu Profundo 11
























CT, Objectos do Céu Profundo, dezembro 2016

24 dezembro, 2016

Standing Doe

Miguel Branco, Untitled (Standing Doe), 2005

19 dezembro, 2016

Gabriela

É estranho pintar. Teu Spinoza dir-te-ia que a sensação
Do traço se desenvolve sem harmonia nos nós da tela e 
Do teu corpo. Diferentes os traços da manhã, os do meio
Dia e os do entardecer. Até veres tua mulher de noite
Respirando a dormir entre poemas de Walt Whitman.
Seu destino é narrar o maior desejo. Seja ele silêncio,
Sono ou acção meditativa. Narrar o encontro de dois
Animais que se farejam. Narrar a vitalidade combativa,
Mesmo quando compassiva. Narrar o cérebro retraído
Dos Senhores da Guerra. Narrar a postura de teu corpo
Enquanto esperas que o olhar se disponha enfim na cena.
Narrar a ausência do humano e do seu tipo. A atmosfera
É o traço deixado.

Maria Gabriela Lhansol, O Começo de Um Livro É Precioso


Matisse recortando

Matisse, 1948

12 dezembro, 2016

Objectos do Céu Profundo 8




























CT, Objectos do Céu Profundo, colagens, novembro 2016

Tolentino

Se agitares tesouras numa fogueira
não esqueças que me feres
um avesso de lume é o meu único
segredo
no impreciso avanço das lâminas
um anjo o descobriria
Tira a faca da gaveta
mas não esqueças
se a cravares na água
com altas vagas o mar me sepultará
dentro da casa abandonada
Não lamentes serem os versos
saberes tão frágeis
as flores mais belas são as que se colhem
quando ainda se ignora a morte"


José Tolentino Mendonça,  A Noite Abre Meus Olhos (Poesia Reunida)

10 dezembro, 2016

Objectos do Céu Profundo 7





























CT, Objectos do Céu Profundo, colagens, novembro 2016

09 dezembro, 2016

um século depois

David Hockney, Gauguin's Chair, 1988

04 dezembro, 2016

You are born alone. You die alone. The value of the space in between is trust & love.

Louise Bourgeois

Louise Bourgeois, Les Fleurs, 2009

24 novembro, 2016

Objectos do Céu Profundo 6
























CT, Objectos do Céu Profundo, colagens, novembro 2016

22 novembro, 2016

Objectos do Céu Profundo 5























CT, Objectos do Céu Profundo, colagens, novembro 2016