27 outubro, 2017

Robert Montgomery



















To encounter the work of Robert Montgomery is to make a tender encounter whose tenderness is enhanced by the public, communal quality of his work. To encounter his work is to have your body filled with a sad thunder and your head filled with a sad light. He is a complete artist and works in language, light, paper, space. He engages completely with the urban world with a translucent poetry. His work arrives at us through a kind of lucid social violence. No one has blended language, form and light in such a direct way.
Black and Blue Literary Journal

26 outubro, 2017

Eileen Agar

Eileen Agar, 1949

25 outubro, 2017

Saint-John Perse

Gisèle Freund, Saint-John Perse, 1966

24 outubro, 2017

no fundo do céu

Com o meu cavalo parado sob a árvore coberta de rolas, lanço um assobio tão puro, que não há uma única promessa feita às margens destes rios que eles não cumpram. (Folhas vivas na manhã são à imagem da glória)...


E não é só que um homem não esteja triste, mas levantando-se antes do dia e mantendo-se com prudência no convívio de uma velha árvore, apoiado pelo queixo à última estrela, vê em jejum no fundo do céu grandes coisas puras que dispõem ao prazer ...


Com o meu cavalo parado sob a árvore que arrulha, lanço um assobio mais puro. E paz àqueles que, se vão morrer, não chegaram a ver este dia. Mas do meu irmão, o poeta, tivemos notícia. Voltou a escrever uma coisa muito doce. E alguns dela tiveram conhecimento.

Saint-John Perse, Habitarei o Meu Nome (trad. João Moita)


W. Eugene Smith, Dream Street, Pittsburg, 1955

Francis Bacon

Francis Bacon, Study of a Running Dog, 1954

22 outubro, 2017

Giotto

Giotto, Cenas da Vida de Cristo - Lamentação, c. 1300

20 outubro, 2017

Miguel Branco

Miguel Branco, Black Horse, 2017

19 outubro, 2017

Guillaume Apollinaire

Guillaume Apollinaire, Il pleut , 1916
Guillaume Apollinaire, Il pleut (manuscrito), 1916

18 outubro, 2017

Édouard Vuillard

Édouard Vuillard, Quatre Pommes, c.1889-90

16 outubro, 2017

Sophia


Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e me fita

Apenas sei que caminho como quem
É amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco


Sophia de Mello Breyner Andresen, Antologia (Círculo de Poesia, Moraes Editores, 1970)


15 outubro, 2017

Henri Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson, Sleeping Woman, 1930-40

13 outubro, 2017

Helen Frankenthaler

I follow the rules until I go against them all.

Helen Frankenthaler

Helen Frankenthaler, Grand Canyon, 1965

12 outubro, 2017

Billy Collins


Enquanto a lebre corta a meta como um tiro,
a tartaruga pára uma vez mais
à beira da estrada,
desta vez para esticar o pescoço
e mordiscar um pouco de erva fresca,
ao contrário da anterior
quando se distraiu com uma abelha zunindo
no coração de uma flor selvagem.

Billy Collins, Amor Universal (trad. Ricardo Marques)



Billy Collins por ...?

























11 outubro, 2017

Billy Collins


Não muito tempo depois de nos termos sentado a jantar
numa longa mesa de um restaurante em Chicago
e de estarmos profundamente absortos nas pesadas ementas,
um de nós - um homem barbudo com uma gravata colorida -
perguntou se alguém já tinha considerado
aplicar os paradoxos de Zenão ao martírio de S. Sebastião.

As diferenças entre estas duas figuras
eram muito maiores do que as diferenças 
entre o guisado de galinha e a truta com amêndoas
entre os quais estava a hesitar, por isso olhei para cima e fechei a ementa.

Se, continuou o homem da gravata,
um objecto que se move através do espaço
nunca vai chegar ao seu destino porque está sempre
limitado a cortar a distância até ao seu alvo a meio,

então verifica-se que S. Sebastião não morreu
das feridas inflingidas pelas setas:
a causa da morte foi o susto perante o espectáculo da sua aproximação.
S. Sebastião, de acordo com Zenão, teria morrido de um ataque cardíaco.

Acho que vou para a truta, disse ao empregado
pois já era a minha vez de pedir,
mas durante todo o elegante jantar
continuei a pensar nas setas perpetuamente a aproximarem-se

da carne pálida e trémula de S. Sebastião,
uma revoada delas perpetuamente reduzindo a metade as curtas distâncias
ao seu corpo, amarrado a um poste com uma corda,
mesmo após os arqueiros terem arrumado tudo e ido para casa.

E pensei na bala a nunca alcançar 
a mulher de William Burroughs, uma maçã tremendo-lhe sobre a cabeça,
no ácido atirado a nunca chegar ao rosto daquela rapariga,
e no Oldsmobile a nunca lançar o meu cão para uma vala.

As teorias de Zenão flutuavam sobre a mesa
como balões de pensamento vindos do século V antes de Cristo,
e no entanto o garfo continuava a chegar à minha boca
para entregar pedaços de espargo e peixe com crosta,

e depois de comer e de brindar,
saímos do restaurante e despedimo-nos na rua
seguindo caminhos separados no mundo onde as coisas chegam mesmo a                                                                                                        algum lado,

onde as pessoas normalmente chegam ao sítio ao qual se dirigem -
onde os comboios chegam à estação com uma nuvem de vapor,
onde os gansos agitam a superfície do lago ao aterrarem,
e a pessoa que tu amas atravessa a sala e chega aos teus braços -

e sim, onde flechas afiadas podem perfurar um tronco,
salpicando de sangue a virilha e os pés do santo,

esse tema tão popular na pintura religiosa europeia.
Um hagiógrafo comparou-o a um ouriço cravado de espinhos.



Billy Collins, Amor Universal (trad. Ricardo Marques)

09 outubro, 2017

Hans Magnus Enzensberger

PARA UM LIVRO DE LEITURAS ESCOLARES

não leias odes, meu filho, lê antes horários:
são mais exactos. desenrola as cartas marítimas
antes que seja tarde, toma cuidado, não cantes.
o dia vem vindo em que hão-de outra vez pregar as listas
nas portas e marcar a fogo o peito dos que digam
não. aprende a passar despercebido, aprende mais do que eu:
a mudar de bairro, de bilhete de identidade, de cara.
treina-te nas pequenas traições, na mesquinha
fuga quotidiana. úteis as encíclicas
mas para acender o lume, e os manifestos
são bons para embrulhar a manteiga e o sal
dos indefesos. a cólera e a paciência são precisas
para assoprar-se nos pulmões do poder
o pó fino e mortal, moído por 
aqueles que aprenderam muito

e são meticulosos, por ti.

Hans Magnus Enzensberger, em  Poesia do Século XX (trad. Jorge de Sena)




Andreas Bro, Hans Magnus Enzensberger

08 outubro, 2017

Frederico Mira George

é a última noite
ponho-me a observar a palma da mão esquerda
procuro nos tais sulcos da adivinhação do tempo
a hora certa
lá fora dispara o alarme de um carro
e a palma da minha mão é só planura

seja como for
adormecer
já não depende de mim.

Frederico Mira George, Caixa Negra (1ºvol)



Robert Mapplethorpe, Rose, 1984




06 outubro, 2017

Ellsworth Kelly

Ellsworth Kelly, Curve seen from a Highway, Austerlitz, 1970







04 outubro, 2017

Jorge Oteiza

Jorge Oteiza, Caja vacia con gran apertura, 1958

03 outubro, 2017

Francesca Woodman

Francesca Woodman, House#3, Providence, 1976



Francesca Woodman, from Angel Series, Rome,1977



Robert Motherwell

Robert Motherwell, Iberia, 1958

05 setembro, 2017

Francis Picabia

Francis Picabia,Sous les Oliviers, Coquetterie, 1948

04 setembro, 2017

Ellsworth Kelly

Ellsworth Kelly, Pine Branch and Shadow, Meschers, 1950


03 setembro, 2017

Ellsworth Kelly

Ellsworth Kelly, Hangar Doorway, Dt Barthélemy


Ellsworth Kelly, Highway Marker, Hudson, 1972


Ellsworth Kelly, Opening to a Cellar,Hudson, 1977

02 setembro, 2017

Cristina Campo

A atenção é o único caminho para o inexprimível.

Cristina Campo, Os Imperdoáveis

Giorgio Morandi











01 setembro, 2017

Family

CT, Family, agosto 2017

31 agosto, 2017

Carrie Mae Weems

Carrie Mae Weems, Blue Black Boy, 1997

























E para quem acredite em Deus, leiloaremos por fim, a radiografia do pirilampo. 

António Cabrita, 2017


21 agosto, 2017

Hypnos

Hypnos, a personificação grega do Sono ( British Museum)

20 agosto, 2017

Khalil Gibran

O Astrónomo

À sombra de um templo o meu melhor amigo e eu vimos um cego sentado e solitário.
O meu amigo disse:
- Olha que este é o homem mais sábio da nossa terra.
Então aproximei-me do cego, saudei-o e começámos a falar.
Pouco depois disse-lhe:
- Desculpa a pergunta, mas há quanto tempo estás cego?
Ele respondeu:
- Desde que nasci.
- E qual caminho da sabedoria escolheste?
- Sou astrónomo.
Em seguida levou a mão ao peito e acrescentou:
- Observo todos estes sóis, estas luas e estrelas.


Khalil Gibran, O Louco (versão de Ana Leal)

O Cão Sábio

Certo dia um cão sábio passou por um grupo de gatos e vendo que os gatos pareciam preocupados falando entre si, sem que dessem pela sua presença decidiu parar e escutar o que diziam. Levantou-se um gato (o maior) grave e sisudo que dirigindo-se aos outros disse: 
- Meus irmãos: rezai, porque se rezardes muito por certo choverão ratos.
O cão riu-se com os seus botões e seguiu o seu caminho: - Gatos cegos e insensatos. Por acaso está escrito e é um dado adquirido que o que chove quando rezamos não são ratos mas ossos?

Khalil Gibran, O Louco (versão de Ana Leal)

01 agosto, 2017

Agnes Martin



I don’t believe in influence. I think that in order to be an artist, you have to move. When you stop moving, then you’re no longer an artist. 


Agnes Martin

Agnes Martin, Gratitude, 2001

30 julho, 2017

William Eggleston

William Eggleston
(Maravilhoso fotógrafo. Hoje é para ti, JPS.)

26 julho, 2017

O relâmpago Herberto


Nunca se sabe aquilo que basta. Talvez baste um poema, uma coisa mínima, viva, nossa, uma coisa rub-reptícia para empunhar diante do implacável acordo das formas exteriores. Também pode ser que nada baste. E nesse caso tanto faz escrever um romance ou cem poemas ou apenas um poema, ou ler, ou emendar o céu astronómico, ou manter-se parado no meio de um jardim húmido e silencioso, à noite. Até pode suceder que a morte não seja bastante. E isto, sim, é interrogativo.

Herberto Helder,  em Relâmpago, Revista de Poesia 36/37, Abril/Outubro de 2015 (pág.133)







CT, Sleeping Golden Head, 2014

A bondade é lúcida, clara e decidida, impiedosa com o compromisso e com a política.


Tristan Tzara, Manifesto DADA, 1918

25 julho, 2017

Harry Callahan

Foto de Franck Vergh.
Harry Callahan, Chicago, 1948


24 julho, 2017

Cornelia Parker

Cornelia Parker, Cold Dark Matter, 1991

Cornelia Parker






I resurrect things that have been killed off . 
(Cornelia Parker)

22 julho, 2017

László Moholy-Nagy

László Moholy-Nagy, Untitled (Multiple Portrait), c.1927

21 julho, 2017

Saul Leiter

Saul Leiter, Boy, c.1950

20 julho, 2017

Luis Barrágan

...dediquei-me à arquitectura como um ato sublime de imaginação poética… 

Luis Barrágan (México, 1902-1988)



19 julho, 2017

Tomas Tranströmer

Quisemos colaborar e mostrámos a nossa casa.
O visitante pensou: sim senhor, vivem muito bem.
O bairro de lata está no vosso interior.

Tomas Tranströmer, 50 Poemas (trad.Alexandre Pastor)

18 julho, 2017

Tomas Tranströmer

Por terra, não longe da população,
está, há meses, um jornal esquecido, pejado de acontecimentos.
Envelhece ao longo de noites e dias à chuva e ao sol,
está a caminho de se tornar uma planta, um repolho, a caminho de
    se unir à terra.
Tal como uma recordação, lentamente, se transforma em ti próprio.


Tomas Tranströmer, 50 Poemas (trad.Alexandre Pastor)


17 julho, 2017

Alberto Burri

Alberto Burri, Iron, 1960