"O coronel destapou a caixa do café e verificou que não havia mais que uma colherinha. Tirou a panela do fogão, despejou metade da água no chão de terra, e com uma faca raspou o interior da caixa para dentro da panela até se soltarem as últimas raspas de pó de café misturadas com ferrugem da lata.
Ao esperar que fervesse a infusão, sentado junto ao fogareiro de barro numa atitude de confiada e inocente expectativa, o coronel teve a sensação de que lhe nasciam fungos e lírios venenosos nas tripas. Era Outubro.
Primeiras linhas de
"Ninguém Escreve Ao Coronel"
Gabriel Garcia Márquez
Biblioteca Visão, 2000
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