CT, abril 2017
Não sei como dizer-te
que minha voz te procura
e a atenção começa a
florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer,
quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho
precioso
e estremeces como um
pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o
centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um
tempo distante,
e na terra crescida os
homens entoam a vindima
— eu não sei como
dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te
procuram.
Herberto Helder, A
Colher na Boca
Um comentário:
Tenho este poema na agenda. Do que conheço são as palavras mais proximas da oração que encontrei. E por isso o recito by heart.
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