Uma Palavra
Depois de esgotar tudo à sua volta e dentro de si,
e quando estava como que a naufragar,- então lembrava-se de pronunciar
uma única palavra : estátua ( e, naturalmente, pensava
em estátua grega, nua). E logo à sua volta
se abriam nomes-ilhas: um joelho brilhava
frente ao mar, a aljava do pequeno arqueiro
distinguia-se enterrada num montículo de areia fina.
Vestia-se, saía para a Ágora. "Bom dia", dizia.
Talhos, olarias, frutarias. Comprava uvas,
libertando aquele profundo, sereno e inesgotável
gesto dum braço de mármore amputado
Giánnis Ritsos, em Poesia-Mais-Que-Perfeita (trad. Alda Leal)
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