31 dezembro, 2009

13 abril, 2009

Mark Strand

Num campo
eu sou a ausência
de campo.
Este é
sempre o caso.
Onde quer que esteja
sou aquilo que falta.

Quando caminho
separo o ar
e o ar move-se
para ocupar os espaços
onde o meu corpo esteve.

Temos todas as razões
para nos movermos.
Eu movo-me
para manter as coisas intactas.


(com uma vénia a "do trapézio, sem rede")

06 abril, 2009

Velasquez


Velasquez e as mãos sujas de Beatriz (10 anos)

21 março, 2009

16 março, 2009



Picasso, "Las Meninas"

Picasso, "Las Meninas"

15 março, 2009


Vélasquez, "As Meninas"

14 março, 2009


Curtis Moffat, c.1925-30

13 março, 2009


David Zink, 2004

03 janeiro, 2009

tantos seres(tantos demónios e deuses
cada qual mais ganancioso do que todos)é um homem

(tão facilmente um em outro se esconde;
e não pode o homem, sendo todos, fugir a nenhum)

Tão vasto tumulto é o mais simples desejo:
tão impiedoso massacre a esperança
mais inocente(tão profunda é a mente da carne
e tão desperto o que o acordar chama dormir)

assim nunca o mais sozinho homem está só
(o seu mais breve respirar vive o ano de algum planeta,
a sua mais longa vida é a pulsação de algum sol;
a sua menor imobilidade percorre a mais jovem estrela)

(...)

E.E.Cummings, livrodepoemas

01 janeiro, 2009


Van Gogh, 1888

29 dezembro, 2008

sou uma pequena igreja(não uma grande catedral)
longe da opulência e imundíce das apressadas cidades
-não me preocupo se os dias mais breves se tornam brevíssimos,
não tenho pena quando sol e chuva fazem abril

a minha vida é a vida do ceifeiro e do semeador;
as minhas orações são as orações da terra onde desajeitadas lutam
(encontrando e perdendo e rindo e chorando)as crianças
cuja qualquer tristeza ou alegria é meu tormento e meu aprazimento

à minha volta surge um milagre incessante
nascer e glória e morte e ressurreição:
sobre o meu ser adormecido flutuam flamejantes símbolos
de esperança, e eu acordo para uma perfeita paciência de montanhas

sou uma pequena igreja(longe do alucinado
mundo com o seu enlevo e angústia)em paz com a natureza
-não me preocupo se as noites mais longas se tornam longuíssimas;
não tenho pena quando a calma se torna canto

de inverno de primavera,ergo a minha espiral diminuta para
o misericordioso Ele Cujo único agora é para sempre:
permanecendo erecto na verdade imortal da Sua Presença
(acolhendo humildemente a Sua luz e orgulhosamente as Suas trevas)

E.E.Cummigs, "livrodepoemas"

28 dezembro, 2008


David Hockney,"Rainy Morning", 2004