CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016 |
31 maio, 2016
LIMALHA (The haunted arm)
CT, Limalha (the haunted arm), maio 2016
Olhamos para o corpo e o corpo termina de repente nos pés, nas mãos. Acaba ali. Não há mais nada à frente, parece uma escarpa de um rochedo sobre o mar. De repente, termina. Porque é que eu acabo ali e começo aqui, porque é que estou cingida a esta forma, porque é que tenho esta solidão e a solidão dos outros corpos?
Helena Almeida, Intus24 maio, 2016
orquídeas na folha branca #3
CT, desenhos de maio (orquídeas na folha branca), maio 2016
Podíamos até ser profundamente diferentes, que eu não sentia menos que qualquer coisa de fundamental nos era comum, uma espécie de ferida originária - há pouco eu falava de “experiência fundadora”: a experiência da insegurança. A natureza desta não era a mesmo em ti e em mim. Pouco importa: para ti e para mim ela significava que não tínhamos no mundo um lugar assegurado. Teríamos apenas aquele que construíssemos.
Podíamos até ser profundamente diferentes, que eu não sentia menos que qualquer coisa de fundamental nos era comum, uma espécie de ferida originária - há pouco eu falava de “experiência fundadora”: a experiência da insegurança. A natureza desta não era a mesmo em ti e em mim. Pouco importa: para ti e para mim ela significava que não tínhamos no mundo um lugar assegurado. Teríamos apenas aquele que construíssemos.
André Gorz, Carta a D., História de um Amor
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22 maio, 2016
orquídeas na folha branca
21 maio, 2016
o amor
20 maio, 2016
E.E. e as mãos e a voz e Brassaï
Olha
os meus dedos que
te tocaram
e ao teu calor e vigorosa
pequenez
-vês? não se parecem com os meus
dedos. Os meus pulsos mãos
que seguraram cuidadosamente o teu
suave silêncio (e o teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
daquilo que eram. Os meus braços
em que tu toda descansas dobrada
tranquila, como uma
folha ou alguma flor
acabada de criar pela Primavera
ela mesma, não são os meus
braços. Não reconheço
como sendo eu próprio este que eu vejo diante
de mim ao espelho. não
acredito
ter visto estas coisas jamais;
alguém a quem amas
e que é mais magro
mais alto do que
eu entrou e ficou com
uns lábios como aqueles com que costumo falar,
uma nova pessoa está viva e
gesticula comigo
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
está
a brincar.
E.E. Cummings, Poems from the 1920's
os meus dedos que
te tocaram
e ao teu calor e vigorosa
pequenez
-vês? não se parecem com os meus
dedos. Os meus pulsos mãos
que seguraram cuidadosamente o teu
suave silêncio (e o teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
daquilo que eram. Os meus braços
em que tu toda descansas dobrada
tranquila, como uma
folha ou alguma flor
acabada de criar pela Primavera
ela mesma, não são os meus
braços. Não reconheço
como sendo eu próprio este que eu vejo diante
de mim ao espelho. não
acredito
ter visto estas coisas jamais;
alguém a quem amas
e que é mais magro
mais alto do que
eu entrou e ficou com
uns lábios como aqueles com que costumo falar,
uma nova pessoa está viva e
gesticula comigo
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
está
a brincar.
E.E. Cummings, Poems from the 1920's
Brassaï, Pigeondre, 1934 |
15 maio, 2016
08 maio, 2016
29 abril, 2016
voyage
CT, exercícios com o olhar, 2016
Reconhecer
dois tipos de possível: o possível diurno e o possível proibido.
Tornar, se possível, o primeiro igual ao segundo; encaminhá-los na via régia do
fascinante impossível, o mais alto grau do compreensível.
René Char
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René Char
Etty Hillesum
Nova certeza: que querem o nosso extermínio. Também isso aceito. Sei-o agora. Não vou incomodar outros com os meus medos, não vou ficar amargurada se outras pessoas não entenderem do que se trata, para nós, judeus. Esta certeza não vai ser corroída ou invalidada pela outra. Trabalho e vivo com a mesma convicção e acho a vida prenhe de sentido, cheia de sentido apesar de tudo, embora já não me atreva a dizer uma coisa destas em grupo. O viver e o morrer, o sofrimento e a alegria, as bolhas nos meus pés gastos e o jasmim atrás do quintal, as perseguições, as incontáveis violências gratuitas, tudo e tudo em mim é como se fosse uma forte unidade, e eu aceito tudo como uma unidade e começo a entender cada vez melhor, espontaneamente para mim, sem que ainda o consiga explicar a alguém, como é que as coisas são. Gostava de viver longamente para no fim, mais tarde, conseguir explicar, e se isso não me for dado, pois bem, nesse caso uma outra pessoa irá fazê-lo e então um outro continuará a viver a minha vida, ali onde a minha foi interrompida, e por isso tenho de viver a minha vida tão bem e tão completa e convincentemente quanto possível até ao meu derradeiro suspiro, para que o que vem a seguir a mim não precise de começar de novo nem tenha as mesmas dificuldades.
Etty Hillesum, Diário 1941-1943
(obrigada, Graça)
Eileen Myles 2
Does it taste good
or does it look
like it tastes good
you don’t know.
See.
Eileen Myles, I Must Be Living Twice: New and Selected Poems
or does it look
like it tastes good
you don’t know.
See.
Eileen Myles, I Must Be Living Twice: New and Selected Poems
Eileen Myles 1
I could
cry &
the landscape
envelops
me in
mist. It’s
astonishing,
handsome
to fly like
a bird in
the pink
& brown
sky. My
heart shoots
ahead.
Eileen Myles, I Must Be Living Twice: New and Selected Poems
cry &
the landscape
envelops
me in
mist. It’s
astonishing,
handsome
to fly like
a bird in
the pink
& brown
sky. My
heart shoots
ahead.
Eileen Myles, I Must Be Living Twice: New and Selected Poems
28 abril, 2016
Emmet Gowin
27 abril, 2016
26 abril, 2016
rolas e njinguiritanes
25 abril, 2016
24 abril, 2016
Tacita Dean
23 abril, 2016
Ricardo Rangel
Ricardo Rangel, Lourenço Marques, 1957 |
Ricardo Rangel, Quando Arde o Caniço |
Ricardo Rangel, s/título |
Ricardo Rangel |
Art doesn’t
go to sleep in the bed made for it; it would sooner run away than say its own
name: what it likes is to be incognito. Its best moments are when it forgets
what its own name is.
Jean
Dubuffet
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