21 dezembro, 2016
19 dezembro, 2016
Gabriela
É estranho pintar. Teu Spinoza dir-te-ia que a sensação
Do traço se desenvolve sem harmonia nos nós da tela e
Do teu corpo. Diferentes os traços da manhã, os do meio
Dia e os do entardecer. Até veres tua mulher de noite
Respirando a dormir entre poemas de Walt Whitman.
Seu destino é narrar o maior desejo. Seja ele silêncio,
Sono ou acção meditativa. Narrar o encontro de dois
Animais que se farejam. Narrar a vitalidade combativa,
Mesmo quando compassiva. Narrar o cérebro retraído
Dos Senhores da Guerra. Narrar a postura de teu corpo
Enquanto esperas que o olhar se disponha enfim na cena.
Narrar a ausência do humano e do seu tipo. A atmosfera
É o traço deixado.
Maria Gabriela Lhansol, O Começo de Um Livro É Precioso
Do traço se desenvolve sem harmonia nos nós da tela e
Do teu corpo. Diferentes os traços da manhã, os do meio
Dia e os do entardecer. Até veres tua mulher de noite
Respirando a dormir entre poemas de Walt Whitman.
Seu destino é narrar o maior desejo. Seja ele silêncio,
Sono ou acção meditativa. Narrar o encontro de dois
Animais que se farejam. Narrar a vitalidade combativa,
Mesmo quando compassiva. Narrar o cérebro retraído
Dos Senhores da Guerra. Narrar a postura de teu corpo
Enquanto esperas que o olhar se disponha enfim na cena.
Narrar a ausência do humano e do seu tipo. A atmosfera
É o traço deixado.
Maria Gabriela Lhansol, O Começo de Um Livro É Precioso
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12 dezembro, 2016
Tolentino
Se agitares tesouras numa fogueira
não esqueças que me feres
um avesso de lume é o meu único
segredo
no impreciso avanço das lâminas
um anjo o descobriria
não esqueças que me feres
um avesso de lume é o meu único
segredo
no impreciso avanço das lâminas
um anjo o descobriria
Tira a faca da gaveta
mas não esqueças
se a cravares na água
com altas vagas o mar me sepultará
dentro da casa abandonada
mas não esqueças
se a cravares na água
com altas vagas o mar me sepultará
dentro da casa abandonada
Não lamentes serem os versos
saberes tão frágeis
as flores mais belas são as que se colhem
quando ainda se ignora a morte"
saberes tão frágeis
as flores mais belas são as que se colhem
quando ainda se ignora a morte"
José Tolentino Mendonça, A Noite Abre Meus Olhos (Poesia Reunida)
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10 dezembro, 2016
09 dezembro, 2016
04 dezembro, 2016
24 novembro, 2016
22 novembro, 2016
20 novembro, 2016
18 novembro, 2016
17 novembro, 2016
16 novembro, 2016
13 novembro, 2016
ar
Once you have tasted
flight, you will forever walk the earth with your eyes turned skyward, for
there you have been, and there you will always long to return.
Leonardo da Vinci
12 novembro, 2016
10 novembro, 2016
Saul e Sophia
Saul Leiter, Boy, 1960 |
As coisas deixam-me passar
Abrem alas de vazio para que eu passe
Como é estranho viver sem alimento
Sem que nada em nós precise ou gaste
Como é estranho não saber.
Sophia de Mello Breyner Andersen, Antologia
03 novembro, 2016
28 outubro, 2016
o mundo inteiro depende dos teus olhos
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
Paul Eluard, Algumas das Palavras (trad. António Ramos Rosa )
George Hendrik Breitner, Girl in a Red Kimono, c.1893-95 |
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