Os que chegam não me encontram.
Os que espero não existem.
Alejandra Pizarnik (excerto do poema Fiesta)
14 janeiro, 2020
Alejandra Pizarnik
(...) e diremos tantos poemas que as nossas línguas se incendiarão como rosas.
Alejandra Pizarnik, Diários, 4 de agosto de 1962 (excerto)
Alejandra Pizarnik, Diários, 4 de agosto de 1962 (excerto)
13 janeiro, 2020
12 janeiro, 2020
11 janeiro, 2020
05 janeiro, 2020
Albert Camus
03 janeiro, 2020
02 janeiro, 2020
30 dezembro, 2019
26 dezembro, 2019
Roberto Juarroz
Uma rede de olhares
mantém unido o mundo,
não o deixa cair.
E ainda que não saiba o que se passa com os cegos
hão-de os meus olhos apoiar-se numas costas
que podem ser as de deus.
No entanto
o que eles buscam é outra rede, outro fio,
que agora encobre os olhos com um fato emprestado
e precipita uma chuva já sem solo nem céu.
É isso que buscam os meus olhos,
o que nos descalça
para ver se algo mais nos sustenta por baixo,
ou inventar um pássaro
para averiguar
se existe o ar,
ou criar o mundo
para saber se há deus,
ou aceitar meter um chapéu
para comprovar que existimos.
Roberto Juarroz, in
As Causas Perdidas,Antologia de Poesia Hispano-Americana, António Cabrita
mantém unido o mundo,
não o deixa cair.
E ainda que não saiba o que se passa com os cegos
hão-de os meus olhos apoiar-se numas costas
que podem ser as de deus.
No entanto
o que eles buscam é outra rede, outro fio,
que agora encobre os olhos com um fato emprestado
e precipita uma chuva já sem solo nem céu.
É isso que buscam os meus olhos,
o que nos descalça
para ver se algo mais nos sustenta por baixo,
ou inventar um pássaro
para averiguar
se existe o ar,
ou criar o mundo
para saber se há deus,
ou aceitar meter um chapéu
para comprovar que existimos.
Roberto Juarroz, in
As Causas Perdidas,Antologia de Poesia Hispano-Americana, António Cabrita
25 dezembro, 2019
23 dezembro, 2019
22 dezembro, 2019
20 dezembro, 2019
19 dezembro, 2019
17 dezembro, 2019
Manoel de Barros
Quem acumula muita informação perde o condão de advinhar: divinare.
Manoel de Barros, Livro Sobre Nada
15 dezembro, 2019
Anne Carson
O pequeno cão vermelho não o viu sentiu-o Todos
Os eventos se propagam menos um
Os eventos se propagam menos um
Anne Carson, Autobiografia do Vermelho, (trad.João Concha e Ricardo Marques )
David Hockney, 1995
14 dezembro, 2019
André Breton
Numa floresta onde todas as aves são chamas
E também sempre que uma rajada mais violenta faz aparecer na quilha
Uma chaga deslumbrante que atrai as sereias
Não pensava que estivesses no teu posto
E eis que ao romper da aurora num dia de 1937
É extraordinário havia cerca de cem anos que estavas
morto
Ao passar avistei um ramo muito fresco de violetas a teus pés
É raro florirem as estátuas de Paris
E também sempre que uma rajada mais violenta faz aparecer na quilha
Uma chaga deslumbrante que atrai as sereias
Não pensava que estivesses no teu posto
E eis que ao romper da aurora num dia de 1937
É extraordinário havia cerca de cem anos que estavas
morto
Ao passar avistei um ramo muito fresco de violetas a teus pés
É raro florirem as estátuas de Paris
13 dezembro, 2019
Forough Farrokhzad
I will greet the sun again
and the little river that once ran in me
and the clouds that were my ruminations
and the aching blooms of poplar trees,
my companions in those seasons of drought.
I will greet the crowd of crows again,
who brought me their rich perfumes,
gifts from gardens of the night,
and my mother who lived in the mirror
and whose shape was the shape of my own old age.
I will greet the earth again,
who in her lust to create me again,
fills her fiery belly with seeds of green.
I am coming, I am coming, I will come again,
with my long hair dripping the scent of dirt,
with my eyes inflicting the density of darkness,
with brambles I’ve picked from the far side of the wall.
I am coming, I am coming, I will come again,
and the doorway once more will be filled with love
and I’ll greet the lovers standing in the doorway,
and the little girl there
still standing in love.
Forough Farrokhzad
...
Saudarei de novo o sol
e o pequeno riacho que dantes corria em mim
e as nuvens que eram os meus pensamentos
e os doridos rebentos dos álamos,
meus companheiros nessas estações de seca.
Saudarei de novo a multidão de corvos,
que me trouxeram os seus nobres perfumes,
presentes dos jardins da noite,
e a minha mãe que vivia no espelho
e cuja sombra era a sombra da minha própria velhice.
Saudarei de novo a terra,
que na luxúria de me criar de novo,
enche a sua fogosa barriga de verdes sementes.
Estou a chegar, estou a chegar, chegarei de novo,
com o meu longo cabelo pingando o aroma da poeira,
com os meus olhos impondo a densidade das trevas,
com amoras escolhidas do lado oposto da parede.
Estou a chegar, estou a chegar, chegarei de novo,
e a entrada mais uma vez se encherá de amor
e saudarei os amantes, de pé à porta,
e a menina aí
ainda firme no amor.
(trad. muito livre, CT, dezembro 2019)
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