"Nunca ninguém me tinha dito que a dor se assemelhava tanto ao medo. Não que esteja assustado, mas a sensação é a de estar assustado. A mesma ânsia no estomâgo, o mesmo desassossego, os bocejos. Não páro de engolir em seco.
Noutras alturas é como estar ligeiramente ébrio ou ter sofrido uma pancada na cabeça. Há uma espécie de pano invisível entre mim e o mundo. sinto dificuldade em compreender o que me dizem. Ou talvez dificuldade em desejar compreender.
... Nunca sabemos até que ponto acreditamos realmente nalguma coisa, até que a sua veracidade ou falsidade se tornam para nós uma questão de vida ou de morte.
...
Senhor,são estas as vossas verdadeiras condições? Poderei reencontrar H. somente se aprender a amar-vos tanto que não me importe se a encontro ou não?
"Dor", C.S. Lewis
10 março, 2012
29 julho, 2011
a ler Klee (uma espécie de esperança)
"52. Berna, 10/11/1897 À medida que o tempo passa, cresce em mim o medo do meu amor cada vez maior pela música."
53. Berna, 12/12/1897 Depois de algum tempo, resolvi folhear alguns dos meus cadernos de esboços. Senti então como se uma espécie de esperança voltasse a despertar dentro de mim."
56. Berna, 31/01/1898 Em Dahlholzi deitei-me na terra. Durante muito tempo fiquei olhando as copas dos pinheiros balançando ao vento. O sussurro, um estalido e atrito dos galhos. Música.
(...) Em casa eu brincava um pouco com as cores. Era irritante. Compor poemas também não dava. Como 'naquela noite de verão', eu fechava a mão sobre um enxame de mosquitos, sem conseguir apanhar nenhum. E no entanto o murmúrio de milhares de vozes."
Diários de Paul Klee
28 julho, 2011
a ler Klee
"25. Pelo buraco da cerca no jardim, roubei um bolbo de dália e transplantei-o no meu jardim de um metro quadrado. Tinha esperança de ver nascer lindas folhas e talvez uma flor amiga. Mas cresceu todo um arbusto, coberto de flores vermelho-escuras. Isso despertou-me um certo medo e cheguei a pensar em renunciar à minha posse, dando-a de presente (oito anos)."
"27. No restaurante do meu tio, o homem mais gordo da Suíça, havia mesas com tampo de mármore polido, onde se via um emaranhado de linhas petrificadas. Nelas podíamos descobrir figuras humanas grotescas e aprisioná-las com o lápis. Eu adorava fazer isso; primeiros documentos da minha 'inclinação pelo bizarro' (nove anos)."
Diários de Paul Klee (lembranças de infância)
12 junho, 2011
05 junho, 2011
04 junho, 2011
A propósito de estrelas *
Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas
*Adília Lopes
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