AOS HABITANTES DE LONDRES
O vigésimo quarto drama de Shakespeare
Escreve-o o tempo com mão impassível.
Próprios participantes do terrível banquete,
É melhor Lear, Hamlet, César
Lermos sobre o rio de chumbo;
Hoje é melhor a pobre pomba Julieta
Com cânticos e tochas levar ao caixão,
É melhor espreitar as janelas de Macbeth,
Tremer com o assassino pago, -
Este, contudo, não, este não, este não,
Este já não conseguimos ter forças para ler.
(1940)
Anna Akhmatova, Poemas (trad. Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev)
28 novembro, 2015
Anna Akhmatova
Perdoar-me-ás esses dias de Novembro?
Nos canais que vão ao Neva tremulam as luzes.
Do trágico outono são pobres os esplendores.
(Novembro de 1913, S. Petersburgo)
Acordar de madrugada
Pois a alegria sufoca,
E olhar pela vigia
Para as vagas de cor verde,
Ou no convés com mau tempo
Gasalhada em brandas peles,
Ouvir o bater da máquina,
E não pensar em nada,
Mas, pressentindo o encontro
Com esse que se tornou minha estrela,
Pelas gotas salgadas e o vento
Em cada hora rejuvenescer.
(Julho de 1917, Slepnevo)
Anna Akhmatova, Poemas (trad. Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev)
Nos canais que vão ao Neva tremulam as luzes.
Do trágico outono são pobres os esplendores.
(Novembro de 1913, S. Petersburgo)
´´´´´´´
Pois a alegria sufoca,
E olhar pela vigia
Para as vagas de cor verde,
Ou no convés com mau tempo
Gasalhada em brandas peles,
Ouvir o bater da máquina,
E não pensar em nada,
Mas, pressentindo o encontro
Com esse que se tornou minha estrela,
Pelas gotas salgadas e o vento
Em cada hora rejuvenescer.
(Julho de 1917, Slepnevo)
Etiquetas:
Anna Akhmatova,
Elas,
poesia,
retratos do ar
27 novembro, 2015
25 novembro, 2015
Marina Tsvetáeva
Não verás a visita da noite...
Para sempre, perdoa e adormece
No abrigo a toda a prova
Daquesta luz impossível.
Mas se - não julgues que te ilude
O ouvido! - a que te ama -
Se apartar um pouco, se a noite
For pranto, e a cítara - for peito...
Isso é o meu amante, de louros
Na fronte, que virou os cavalos para fora
Da liça. São ciúmes de Deus
Pela sua favorita.
Marina Tsvetáeva, Depois da Rússia (trad.Nina Guerra e Filipe Guerra)
Para sempre, perdoa e adormece
No abrigo a toda a prova
Daquesta luz impossível.
Mas se - não julgues que te ilude
O ouvido! - a que te ama -
Se apartar um pouco, se a noite
For pranto, e a cítara - for peito...
Isso é o meu amante, de louros
Na fronte, que virou os cavalos para fora
Da liça. São ciúmes de Deus
Pela sua favorita.
Marina Tsvetáeva, Depois da Rússia (trad.Nina Guerra e Filipe Guerra)
24 novembro, 2015
Marina Tsvetáeva
Para não me veres -
Na vida - cinjo-me da cerca
Invisível e penetrante.
Cinjo-me da madressilva,
Cubro-me do algodão da geada.
Para não me ouvires
Na noite - com manha de velha
Me dissimulo - e me protejo.
Cinjo-me do restolhar,
Cubro-me de ramagens.
Para que não floresças muito
Em mim - nos silvados: enterro-me
Nos livros ainda em vida:
Cinjo-te de fantasias,
Cubro-te de ilusões.
Marina Tsvetáeva, Depois da Rússia (trad.Nina Guerra e Filipe Guerra)
Na vida - cinjo-me da cerca
Invisível e penetrante.
Cinjo-me da madressilva,
Cubro-me do algodão da geada.
Para não me ouvires
Na noite - com manha de velha
Me dissimulo - e me protejo.
Cinjo-me do restolhar,
Cubro-me de ramagens.
Para que não floresças muito
Em mim - nos silvados: enterro-me
Nos livros ainda em vida:
Cinjo-te de fantasias,
Cubro-te de ilusões.
Marina Tsvetáeva, Depois da Rússia (trad.Nina Guerra e Filipe Guerra)
Etiquetas:
Elas,
Marina Tsvetáeva,
poesia,
retratos do ar
22 novembro, 2015
21 novembro, 2015
20 novembro, 2015
19 novembro, 2015
Piet e Doris
Doris
Lessing
18 novembro, 2015
invincible été
17 novembro, 2015
Heiner e Paulo
Em verdade, ele viveu em tempo de trevas.
Os tempos ganharam em luz.
Os tempos ganharam em trevas.
Quando a luz diz: Eu sou as trevas,
Disse a verdade.
Quando as trevas dizem: eu sou
A luz, não mentem.
Os tempos ganharam em luz.
Os tempos ganharam em trevas.
Quando a luz diz: Eu sou as trevas,
Disse a verdade.
Quando as trevas dizem: eu sou
A luz, não mentem.
Francesca e Simone
16 novembro, 2015
Outono e seda e nada
13 novembro, 2015
Helene e Paul
12 novembro, 2015
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