CT, Family, agosto 2017 |
01 setembro, 2017
31 agosto, 2017
Carrie Mae Weems
21 agosto, 2017
20 agosto, 2017
Khalil Gibran
O Astrónomo
À sombra de um templo o meu melhor amigo e eu vimos um cego sentado e solitário.
O meu amigo disse:
- Olha que este é o homem mais sábio da nossa terra.
Então aproximei-me do cego, saudei-o e começámos a falar.
Pouco depois disse-lhe:
- Desculpa a pergunta, mas há quanto tempo estás cego?
Ele respondeu:
- Desde que nasci.
- E qual caminho da sabedoria escolheste?
- Sou astrónomo.
Em seguida levou a mão ao peito e acrescentou:
- Observo todos estes sóis, estas luas e estrelas.
Khalil Gibran, O Louco (versão de Ana Leal)
À sombra de um templo o meu melhor amigo e eu vimos um cego sentado e solitário.
O meu amigo disse:
- Olha que este é o homem mais sábio da nossa terra.
Então aproximei-me do cego, saudei-o e começámos a falar.
Pouco depois disse-lhe:
- Desculpa a pergunta, mas há quanto tempo estás cego?
Ele respondeu:
- Desde que nasci.
- E qual caminho da sabedoria escolheste?
- Sou astrónomo.
Em seguida levou a mão ao peito e acrescentou:
- Observo todos estes sóis, estas luas e estrelas.
Khalil Gibran, O Louco (versão de Ana Leal)
O Cão Sábio
Certo dia um cão sábio passou por um grupo de gatos e vendo que os gatos pareciam preocupados falando entre si, sem que dessem pela sua presença decidiu parar e escutar o que diziam. Levantou-se um gato (o maior) grave e sisudo que dirigindo-se aos outros disse:
- Meus irmãos: rezai, porque se rezardes muito por certo choverão ratos.
- Meus irmãos: rezai, porque se rezardes muito por certo choverão ratos.
O cão riu-se com os seus botões e seguiu o seu caminho: - Gatos cegos e insensatos. Por acaso está escrito e é um dado adquirido que o que chove quando rezamos não são ratos mas ossos?
Khalil Gibran, O Louco (versão de Ana Leal)
01 agosto, 2017
Agnes Martin
30 julho, 2017
26 julho, 2017
O relâmpago Herberto
Nunca se sabe aquilo que basta. Talvez baste um poema, uma coisa mínima, viva, nossa, uma coisa rub-reptícia para empunhar diante do implacável acordo das formas exteriores. Também pode ser que nada baste. E nesse caso tanto faz escrever um romance ou cem poemas ou apenas um poema, ou ler, ou emendar o céu astronómico, ou manter-se parado no meio de um jardim húmido e silencioso, à noite. Até pode suceder que a morte não seja bastante. E isto, sim, é interrogativo.
Herberto Helder, em Relâmpago, Revista de Poesia 36/37, Abril/Outubro de 2015 (pág.133)
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25 julho, 2017
24 julho, 2017
22 julho, 2017
21 julho, 2017
20 julho, 2017
Luis Barrágan
19 julho, 2017
Tomas Tranströmer
Quisemos colaborar e mostrámos a nossa casa.
O visitante pensou: sim senhor, vivem muito bem.
O bairro de lata está no vosso interior.
Tomas Tranströmer, 50 Poemas (trad.Alexandre Pastor)
18 julho, 2017
Tomas Tranströmer
Por terra, não longe da população,
está, há meses, um jornal esquecido, pejado de acontecimentos.
Envelhece ao longo de noites e dias à chuva e ao sol,
está a caminho de se tornar uma planta, um repolho, a caminho de
se unir à terra.
Tal como uma recordação, lentamente, se transforma em ti próprio.
Tomas Tranströmer, 50 Poemas (trad.Alexandre Pastor)
está, há meses, um jornal esquecido, pejado de acontecimentos.
Envelhece ao longo de noites e dias à chuva e ao sol,
está a caminho de se tornar uma planta, um repolho, a caminho de
se unir à terra.
Tal como uma recordação, lentamente, se transforma em ti próprio.
Tomas Tranströmer, 50 Poemas (trad.Alexandre Pastor)
17 julho, 2017
16 julho, 2017
15 julho, 2017
Ainda Ritzos
Uma Palavra
Depois de esgotar tudo à sua volta e dentro de si,
e quando estava como que a naufragar,- então lembrava-se de pronunciar
uma única palavra : estátua ( e, naturalmente, pensava
em estátua grega, nua). E logo à sua volta
se abriam nomes-ilhas: um joelho brilhava
frente ao mar, a aljava do pequeno arqueiro
distinguia-se enterrada num montículo de areia fina.
Vestia-se, saía para a Ágora. "Bom dia", dizia.
Talhos, olarias, frutarias. Comprava uvas,
libertando aquele profundo, sereno e inesgotável
gesto dum braço de mármore amputado
Giánnis Ritsos, em Poesia-Mais-Que-Perfeita (trad. Alda Leal)
Depois de esgotar tudo à sua volta e dentro de si,
e quando estava como que a naufragar,- então lembrava-se de pronunciar
uma única palavra : estátua ( e, naturalmente, pensava
em estátua grega, nua). E logo à sua volta
se abriam nomes-ilhas: um joelho brilhava
frente ao mar, a aljava do pequeno arqueiro
distinguia-se enterrada num montículo de areia fina.
Vestia-se, saía para a Ágora. "Bom dia", dizia.
Talhos, olarias, frutarias. Comprava uvas,
libertando aquele profundo, sereno e inesgotável
gesto dum braço de mármore amputado
Giánnis Ritsos, em Poesia-Mais-Que-Perfeita (trad. Alda Leal)
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